52. Evangelho segundo Marcos | Paulus Editora

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14/07/2023

52. Evangelho segundo Marcos

Por Nilo Luza

O Evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito dentre os evangelhos. Ele inaugura o gênero literário conhecido como “evangelho”, isto é, uma boa notícia trazida por Jesus. Por sete vezes o evangelista repete a palavra “evangelho” (Mc 1,1.14.15; 8,35; 10,29; 13,10; 14,9), além do epílogo em 16,15. Na ordem do Novo Testamento, ele ocupa o segundo lugar. A tradição atribui a Marcos o segundo evangelho, apesar de o texto não mencionar o seu autor. (João) Marcos é mencionado em algumas passagens do Novo Testamento (Mc 14,52; At 12,12.25; 15,37; Cl 4,10; 1Pd 5,13), os estudiosos propõem que esse seria o autor do evangelho ou mais precisamente o redator final.

O Evangelho foi escrito por volta de 70 d.C., em Roma ou na Palestina. Época em que Israel vivia em confronto com o poderio romano. Por causa disso, a comunidade vivia na expectativa de que Jesus voltasse logo, como rei triunfante. A preocupação do evangelista é levar a comunidade a compreender o sentido profundo do messianismo de Jesus e de sua filiação divina. Para isso, o evangelista apresenta a prática de Jesus junto às comunidades pobres da Galileia.

O caminho que Jesus trilhou da Galileia até Jerusalém é apresentado para ser assumido por todos os que se consideram seus seguidores. No início, o evangelho se apresenta como “princípio” e no seu final faz um apelo para que voltem para o início na Galileia a fim de refazerem o caminho de Jesus (Mc 16,7).

Os espaços que oferecem momentos de parada ou de intimidade de Jesus com seus discípulos: a casa, o barco e a mesa, consolidando a comunhão de vida entre o Mestre e seus seguidores. O evangelho de Marcos pode ser dividido em quatro partes.

1. Missão de Jesus na Galileia (1,1-8,26). Nesta primeira parte, o evangelista procura mostrar quem é Jesus. No começo, no meio e no final do evangelho temos a revelação de que Jesus é o “Filho de Deus” (Mc 1,1.11; 9,7; 15,39). O evangelista revela Jesus como “Filho de Deus” com sua prática libertadora no meio do povo. Depois da pregação de João Batista e o batismo de Jesus, o evangelista apresenta o ministério de Jesus na Galileia. Chama alguns seguidores e faz diversas curas. Multidões se agregam em torno dele. Em seu ensinamento em parábolas, ele se utiliza da linguagem do povo do campo. O Jesus de Marcos é visto como um missionário que circula pela Galileia e arredores (Mc 1,14; 5,1; 8,27; 10,1; 11,1). Encontramos, nesta parte, duas multiplicações de pães (6,30-44; 8,1-10), é a seção dos pães (6,6-8,26) que procura identificar uma ligação sempre mais estreita entre o pão e Jesus. Além de denunciar o império romano que provoca miséria e fome. Sua mensagem provoca confronto e rejeição.

2. Missão de Jesus fora da Galileia (8,27-10,52). Nesta parte predomina a condição do discipulado do Mestre de Nazaré. Jesus pergunta: “Quem dizem as pessoas que eu sou?” (Mc 8,27). Diante dessa pergunta Pedro reconhece que ele “é o Cristo”. Cabe a pergunta: quem são os autênticos discípulos de Jesus? Ao longo dessa parte, temos poucas narrativas de milagres. Temos três anúncios da paixão (8,31; 9,31; 10,32-34), que procuram revelar o verdadeiro sentido do reinado de Jesus.

3. Missão de Jesus em Jerusalém (Mc 11-13). Aqui descreve a atividade de Jesus em Jerusalém. No templo, acontecem os confrontos com os diversos grupos judaicos. A saída do templo (Mc 13,1) revela a separação entre o templo e o projeto de Jesus. Termina esta parte com o discurso escatológico (Mc 13).

4. Paixão e ressurreição de Jesus (Mc 14-16). Nesta parte temos o cumprimento do caminho do Mestre de Nazaré, com a paixão, morte e ressurreição. Ao morrer na cruz, Jesus é reconhecido por um pagão como “Filho de Deus” (Mc 15,39). É a partir da cruz que entenderemos realmente o projeto de Jesus. Por fim, temos um apêndice (Mc 16,9-20) considerado acréscimo posterior ao texto, foi inserido provavelmente no início do segundo século d.C. Os estudiosos consideram que esses versículos não faziam parte do evangelho.

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