50. Livro de Malaquias | Paulus Editora

Colunistas

Bíblia

06/04/2023

50. Livro de Malaquias

Por Nilo Luza

O profeta Malaquias é o último livro dos profetas e de todo o Antigo Testamento. Malaquias significa “meu mensageiro”, assumido como se fosse o nome do profeta, mas o livro é considerado um escrito anônimo. O nome “Malaquias”, mais do que uma personagem histórica, indica uma função: manter o povo unido no serviço ao Deus único, na esperança de purificar o templo e na fiel observância da lei de Moisés.

O profeta acusa os abusos praticados pela comunidade judaica, tais como a decadência do zelo religioso; sacrifícios vazios; a piedade pessoal degenerada, principalmente dos sacerdotes; os casamentos mistos; negligência dos dízimos. Provavelmente os autores são sacerdotes levitas que atuavam no culto do templo de Jerusalém, para purificá-lo e purificar as funções rituais, animando o povo. Sua redação final pode ser situada entre 480 e 450 a.C., em Jerusalém, durante o domínio persa.

O livro contém seis discursos ou oráculos. São diálogos do profeta com seus contemporâneos a respeito dos problemas que a comunidade enfrenta.

1. O amor de Javé por Israel (1,1-5): Deus diz: eu amo vocês. A expressão expressa a síntese do livro de Malaquias. Judá é visto como descendente de Jacó, preferido por Deus. Ao passo que Esaú seria o antepassado de Edom (daí os edomitas) menos amado por Deus. Soa estranho, mas demonstra que Deus não fica indiferente diante do sofrimento do povo, diante do mal que simboliza Edom. O profeta quer mostrar o conflito entre judaítas e edomitas.

2. Acusação contra os sacerdotes (1,6-2,9): Os sacerdotes são acusados por suas falhas no exercício do culto: oferecem sacrifícios impuros e não ensinam adequadamente a lei de Moisés. A conduta indigna dos sacerdotes não favorece o povo a andar na justiça e a conhecer a Deus.

3. Casamentos mistos e divórcio (2,10-16): Os casamentos mistos colocam em risco a identidade e a religião oficial do povo judeu. É a idolatria das estrangeiras que pode contaminar a comunidade. Para o profeta, o matrimônio é uma união sagrada que ninguém pode desfazer, texto próximo ao de Gênesis (2,23-24). O profeta indica o valor do matrimônio: uma aliança da qual Deus é testemunha.

4. O dia de Javé (2,17-3,5): O mensageiro de Javé vem para denunciar os escândalos de corrupção contra o povo. É um juízo de purificação dos sacerdotes e de condenação de quem não pratica a justiça. Deus intervirá, produzindo uma nova ordem e para preparar o povo para o dia da purificação, da salvação e para consolidar a aliança.

5. Os dízimos do templo (3,6-12): O profeta chama a atenção do povo sobre a responsabilidade dos dízimos para garantir o sistema do templo e o atendimento aos pobres. A oferta dos dízimos para Javé é um modo de reconhecê-lo Senhor da terra. Os dízimos são vistos também como bênção para as plantações.

6. A sorte dos justos no dia de Javé (3,13-21): Outros profetas já haviam anunciado o dia de Javé. No tempo do profeta Malaquias, após o exílio, o dia de Javé é o grande julgamento contra quem não observa a lei. O sol da justiça de Deus irá manifestar a diferença entre o justo e o ímpio, entre o bem e o mal, entre quem serve a Deus e quem não o serve. Por meio dos justos, Deus fará justiça.

O epílogo (3,22-24) revela que a profecia está a serviço da lei mosaica e encerra todo o Antigo Testamento. Antes da sua vinda purificadora, Deus enviará um precursor encarregado de reunir as famílias, de reconciliar as gerações antigas com as novas. Elias é identificado como o precursor, que vem para converter à lei de Moisés o povo desobediente. Deus espera de cada pessoa um comportamento de respeito e amor. Compromisso não só de palavras, mas de uma liturgia celebrada com amor e vida, uma vida matrimonial responsável e um relacionamento social baseado na justiça.

nenhum comentário