49. Livro de Zacarias | Paulus Editora

Colunistas

Bíblia

06/03/2023

49. Livro de Zacarias

Por Nilo Luza

O profeta Zacarias é o penúltimo livro do Antigo Testamento. Contemporâneo de Ageu, pouco ou nada sabemos de Zacarias. Era filho de Baraquias, provavelmente de família sacerdotal. É mencionado apenas no livro de Esdras (5,1; 6,14). Em hebraico, seu nome significa “o Senhor se lembra”. Isso significa que Javé “fez memória”, se lembrou e interveio na história do seu povo. Zacarias atuou no início do reinado de Dario, rei da Pérsia (522-486 a.C.). Estamos, portanto, no período do Império Persa (539-333 a.C.). Dario permitiu a liberdade religiosa e respeitou os costumes, as leis, a língua dos povos conquistados. O livro de Zacarias pode ser dividido em três partes distintas em termos de datação, estilo, linguagem e temática.

1. Reconstrução do templo e da comunidade (1-8): Nesta parte, Zacarias se preocupa com a reconstrução do templo, dando maior destaque à restauração da comunidade com suas exigências de pureza e de moralidade. Zacarias se dirige aos repatriados e apresenta o templo e a cidade de Jerusalém como centrais para o povo se reorganizar. Uma cidade, porém, aberta e sem muros. Proferiu seus oráculos nos anos 520-518 a.C. em Jerusalém, como sacerdote- profeta do templo.

As visões do profeta (1-6): O profeta apresenta sua mensagem em oito visões. 1) Os cavalos: contra as nações que oprimem. 2) Os chifres e os ferreiros: os chifres são os inimigos do povo; os ferreiros derrotarão os inimigos do povo judeu. 3) O homem do cordel: para medir a cidade. 4) A veste de Josué: purificação para governar o povo. 5) O candelabro e as oliveiras: o candelabro é a presença da divindade; as oliveiras são o poder religioso e o poder civil. 6) O livro que voa: é o julgamento de Deus. 7) A mulher na vasilha: a maldade. 8) Os quatro carros: a ira de Deus que cai sobre os opressores.

O jejum e a volta de Javé (7-8): O profeta insiste na “justiça social” como verdadeiro jejum que agrada a Deus: não oprimir a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre. O luto e o jejum darão lugar à festa e à alegria. A prática do amor e da misericórdia provocam a volta de Javé para Jerusalém.

2. Javé, rei vitorioso e bom pastor (9-11): Esta parte é bem diferente da anterior, não há data, não se fala de Zacarias, nem de Josué, nem de Zorobabel, nem da reconstrução do templo. São escritos de profetas anônimos que acrescentaram seus textos ao livro do profeta Zacarias. Estes capítulos podem ser datados por volta de 300 a.C. Já estamos, portanto, no tempo dos gregos, quando Alexandre Magno conquista todo o Império Persa, incluindo a Palestina (333-63 a.C.). O Império Grego dominou na Palestina quase 200 anos (333-164 a.C.). Com a morte de Alexandre (323 a.C.), seus generais disputam o império. A Palestina ficou na disputa entre os Ptolomeus do Egito (320-200 a.C.) e os Selêucidas da Síria (200-164 a.C.).

Esta parte mostra que Javé é o rei vitorioso e bom pastor em contraste com os maus pastores. A vinda de um messias, pobre e montando um jumentinho, julgará e destruirá as nações opressoras e libertará seu povo, propondo o fim das armas para estabelecer uma era de paz.

3. Jerusalém futura (12-14): Nesta parte, os autores estão preocupados com a restauração do culto e das festas no templo. Os autores são provavelmente sacerdotes e escribas de Jerusalém com o objetivo de defender a teocracia. Estes capítulos podem ser datados por volta de 200 a.C., quando Antíoco III (Selêucida) derrota o exército dos Ptolomeus e controla a Palestina.

Esta terceira parte, inicia com uma série de oráculos que anunciam a salvação por um messias descendente de Davi. Em Jerusalém, acontecerá a derrota definitiva dos inimigos do povo judeu. Javé julga todos os povos que atacam Jerusalém, cidade de Davi. Restaurada, ela se tornará aberta para acolher todos os povos. A morte do “transpassado” pode simbolizar o sofrimento purificador pelo qual o povo estava passando sob o peso da opressão grega.

nenhum comentário