41. Livro de Amós | Paulus Editora

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12/07/2022

41. Livro de Amós

Por Nilo Luza

Cronologicamente, Amós é o primeiro dos “profetas escritores” e viveu e atuou em meados do século 8º a.C., por volta de 750. O texto nos informa que Amós não é profeta nem discípulo de profetas, mas apenas criador de gado e cultivador de sicômoros em Técua, vilarejo ao sul de Jerusalém. Era natural do Reino do Sul (Judá), mas atuou no Reino do Norte (Israel), durante o reinado de Jeroboão II (783-743 a.C.). O livro é resultado de várias releituras feitas ao longo dos séculos 8º e 5º a.C. Isso indica que Amós não escreveu o livro sozinho.

Época de certa tranquilidade política e prosperidade econômica para a elite. O comércio com os povos vizinhos cresce, desenvolve a indústria têxtil e melhora a agricultura. Na Samaria são construídos suntuosos palácios. As prosperidades são vistas como uma bênção pelos sacerdotes e alguns falsos profetas. Tudo isso ao lado de injustiças e corrupção, proporcionando miséria e sofrimentos ao povo. O luxo dos grandes insulta a miséria dos pobres. O profeta Amós é um dos críticos mais duros contra as injustiças e a corrupção, que exploram o povo e enriquecem a classe dominante.

Em certo momento de sua vida, Deus chama Amós para uma missão: falar em nome de Javé. O chamado é irresistível. O profeta tem a missão de estar em sintonia com Deus e com o povo. Não é um homem que vive nas nuvens, mas alguém com os pés bem no chão da vida do povo.

A teologia de Amós procura aproximar fé e prática social. Ele conhecia muito bem a situação do povo e se manifesta ao lado dele, que sofre as consequências das mazelas da elite. Amós nos apresenta o rosto de um Deus que está ao lado do seu povo e sonha por uma sociedade humanitária. Podemos dividir o livro de Amós em três partes:

1. Oráculos contra as nações (1-2): Nessa primeira parte, após apresentação do autor, o livro traz sete oráculos contra as elites governantes das nações vizinhas: Damasco, Filisteia, Tiro, Edom, Amon, Moab, Judá. Geralmente cada oráculo é destinado a uma nação, com a denúncia da rebeldia e o castigo ou retribuição. A justiça de Javé é contra a violência imperialista praticada pelas nações. Judá e Israel serão julgadas e castigadas, atingindo principalmente a elite: reis e sacerdotes.

2. Oráculos contra as injustiças sociais (3-6): Essa parte central do livro trata de acusações principalmente contra o povo de Israel, especialmente contra as elites que oprimem os fracos e empobrecidos. O objetivo é advertir Israel antes que seja tarde demais, recordando a tradição do êxodo e a escolha de Israel para ser o povo de Deus. Samaria é censurada por sua opressão e pelo roubo. O profeta é o porta-voz de Deus e deve denunciar as injustiças sociais. As mulheres da elite da Samaria, enriquecendo-se à custa da exploração, são chamadas “vacas de Basã”, que gozam de uma vida luxuosa e confortável, em contraste com a vida do povo.

A seguir, começa a seção dos “ais” ou “livro dos ais”. A “casa de Israel”, também chamada “virgem de Israel”, é convidada a ouvir o apelo de conversão e voltar a Javé, abandonando Betel e Guilgal, vivendo a prática da justiça e do direito. O luxo e a riqueza dos que vivem despreocupados em Sião e na Samaria deixam-nos insensíveis ao sofrimento dos pobres.

3. Cinco visões de julgamentos (7-9): Parte conhecida como o “livro das visões”. O profeta relata cinco visões que teve sobre o fim de Israel. Os gafanhotos são uma desgraça para a agricultura e a seca provoca incêndio. Nessas duas visões, o profeta intercede, e Deus volta atrás. Nas próximas três visões – estanho, cesta de frutas e destruição do santuário –, o profeta se cala, e Deus deixa a desgraça acontecer.

O livro conclui com uma proposta de restauração de Israel. É anunciado o fim do exílio e a reconstrução das cidades. Será um tempo de prosperidade, a terra produzirá os frutos do trabalhador. Haverá abundância de frutas e vinhos. Assim a alegria e a festa voltarão novamente.

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