38. Livro de Daniel | Paulus Editora

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Bíblia

19/04/2022

38. Livro de Daniel

Por Nilo Luza

Daniel é o quarto livro dos chamados “Profetas Maiores”. O livro é resultado de um autor desconhecido. A obra foi atribuída a Daniel, personagem central do livro. Os fatos, as visões, os sonhos e os personagens são ambientados no século 6º a.C., época do exílio babilônico, tempo do rei Nabucodonosor. Na verdade, o livro foi escrito no século 2º a.C., mais precisamente, por volta de 170-150 a.C.

Estamos no período de Antíoco 4º Epífanes, grande perseguidor dos judeus. Época em que Antíoco 4º quer acabar com a cultura, os costumes e a religião dos judeus. O livro procura sustentar a esperança do povo e resistir ao opressor, pois Deus que trouxe o povo de volta do cativeiro na Babilônia, agora libertará também da tirania de Antíoco 4º.

Enquanto na Bíblia Hebraica faz parte dos Escritos (ketubim), nas católicas e cristãs o livro faz parte dos profetas. O livro é resultado de três línguas: hebraico (Dn 1,1-2,4a; 8-12), aramaico (Dn 2,4b-7,28) e grego (Dn 3,24-90; 13-14). Na Bíblia Hebraica só aparecem as partes escritas em hebraico e aramaico. A versão da Bíblia Grega (Septuaginta) acrescentou a parte grega. Normalmente as Bíblias inserem o texto grego em itálico.

Pode-se dizer que o livro de Daniel é o fundador da “literatura apocalíptica”. Apocalipse deriva de uma palavra grega e significa “revelação”, indicando alguma coisa revelada a poucos, devido à linguagem adotada. É uma literatura própria de tempos difíceis e que aponta para sinais de esperança presentes na ação de Deus ao longo da história. O objetivo da apocalíptica é revelar a providência de Deus agindo na história e assim incutir nos leitores a esperança e a confiança.

Os apocalíticos retomam fatos passados como se acontecessem no futuro. A apocalíptica representa uma releitura da profecia e da sabedoria, época em que o movimento profético praticamente desapareceu. Pelo seu estilo, Daniel não é livro propriamente profético, mas está incluído entre os profetas, e muito menos é livro histórico, o autor não se preocupa com a exatidão da história (datas e personagens).

Propomos a divisão do livro em três partes.

1. Daniel e seus companheiros na corte da Babilônia (1-6): Daniel e seus companheiros foram levados para o exílio na Babilônia. Daniel viveu como judeu piedoso e tinha o dom de interpretar sonhos. Esses relatos lembram as dificuldades do povo vividas durante o tempo difícil de Antíoco 4º Epífane (175-164 a.C.), quando quer impor aos judeus, com violência, a religião e os costumes gregos. Daniel e seus companheiros resistem aos poderosos opressores e permanecem fiéis aos seus costumes e a sua religião. Daniel interpreta os sonhos e as visões de Nabucodonosor. Por não adorarem a estátua de ouro, Daniel e companheiros são jogados na fornalha ardente. Num banquete de Baltazar, enquanto o rei e seus convidados bebiam com cálices de ouro roubados do templo por Antíoco 4º, apareceu uma mão escrevendo na parede. Daniel é novamente chamado para interpretar a inscrição.

2. Visões de Daniel (7-12): Aqui Daniel não mais interpreta sonhos e visões, mas é destinatário de revelações secretas. Por meio dessas visões, o autor incentiva o povo a perseverar, pois estava próximo o fim da tribulação. A visão dos animais descreve os impérios como animais estranhos e ferozes, que se contrapõe ao rosto humano, “o filho do homem”, que representa o povo fiel que recebe de Deus o reino que não terá fim. A recompensa final pela fidelidade é a ressurreição para a vida eterna e gloriosa junto aos justos e mártires, destino de todos. Os que dormem no pó despertarão uns para a vida eterna, outros para a vergonha eterna.

3. Narrações sobre Daniel (13-14): A terceira e última parte do livro de Daniel são narrações que ensinam que a fidelidade triunfa sobre a adversidade e as potências devem reconhecer a superioridade divina. Temos aqui o famoso caso de Susana que foi levada ao tribunal sob acusação falsa de adultério. Daniel a salvou da condenação à morte.

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