34. Profeta Jeremias | Paulus Editora

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Bíblia

13/12/2021

34. Profeta Jeremias

Por Nilo Luza

Na abertura do livro (Jr 1,1-3), Jeremias é apresentado. Ele é filho de Helcias, sacerdote de Anatot, da tribo de Benjamim. Nasceu por volta de 645 a.C., na pequena vila de Anatot. Exerceu a missão profética entre os anos 625 a 585 a.C. aproximadamente. De família sacerdotal, ligado aos levitas do Norte, grupo que se caracteriza pela fé no Deus do êxodo e da vida. Apesar de ser filho de sacerdote, Jeremias não poupou críticas contra o templo, o culto e os sacerdotes. Por causa de suas atitudes corajosas, sofreu atentados, apanhou, teve suas palavras queimadas e jogado numa cisterna.

Em 587 a.C., Nabucodosor invade e destrói a cidade de Jerusalém e o templo e leva parte da população para o exílio na Babilônia. Foi um período de muita turbulência em Judá. O profeta presenciou a deportação do povo para a Babilônia, mas ele permaneceu em Jerusalém. Procurou animar o povo que permaneceu em Judá. Por volta de 585 a.C., muitos judeus fogem de Judá e se dirigem para o Egito, levando Jeremias junto, que provavelmente morre por lá.

Assim como Isaías, Jeremias também faz parte dos assim chamados Profetas Maiores. Seu livro é o segundo maior em capítulos (52). Um de seus grandes problemas era com os sacerdotes do templo. Por combater as injustiças contra o povo, teve uma vida de forte resistência e de perseguição por parte dos adversários, as cinco confissões revelam muito bem isso.

O texto do livro de Jeremias está mesclado em várias etapas de sua vida. Os primeiros capítulos são do início de sua atividade profética, durante o reinado de Josias (640-609 a.C.), que promoveu as reformas religiosa e política. Temos textos do período do reinado de Joaquim (609-597 a.C.), que explora e oprime o povo. Outros são do tempo do reinado de Sedecias (597-587 a. C.). Outros ainda, após a queda de Jerusalém (587 a.C.). São, portanto, textos de origens independentes, provindos de várias fontes e várias épocas. Como percebemos, a organização do livro não segue uma ordem cronológica. Sua redação final é bem tardia, provavelmente durante o século 3º a.C. O livro pode ser dividido em quatro partes:

1) Oráculos contra Judá e Israel (1-25): O redator inicia contextualizando o tempo de atuação do profeta e apresentando a vocação de Jeremias. A seguir temos vários oráculos contra Israel, Judá e as nações estrangeiras. Chama a atenção do povo por ter quebrado a aliança. Questiona sobre a prosperidade dos maus e os falsos profetas. A seguir temos as cinco confissões do profeta, as quais revelam suas dúvidas e suas queixas: cordeiro manso, lamenta seu nascimento, invoca a Deus que o cure e o salve, é perseguido e seduzido por Deus.

2) Oráculos de esperança (26-35): Provoca conflito com as autoridades ao discursar contra o templo de Jerusalém, aconselhando a submissão ao império babilônico. Faz a distinção entre os falsos e verdadeiros profetas. Nesses capítulos temos o “Livro da Consolação” que pode ser considerado como o centro do livro, pois o profeta traz uma mensagem de esperança para o povo, ao propor a restauração de uma nova aliança.

3) Sofrimentos de Jeremias (36-45): Encontramos aqui as últimas atividades de Jeremias. A vida do profeta é marcada por diversos sofrimentos e perseguições que enfrentou e as várias queixas por causa dos obstáculos que encontrou. Relata a queda de Jerusalém e a fuga para o Egito.

4) Oráculos contra as nações (46-52): Nestes últimos capítulos, temos oráculos contra as várias nações que importunaram Israel. Apresenta um Deus guerreiro e vingador. O livro conclui com um apêndice, que procura revelar a realização das profecias de Jeremias.

A missão do profeta não é nada fácil. Jeremias foi um dos profetas mais perseguidos, mas nem por isso deixou de cumprir sua missão. Deus era a sua força. Foi um profeta que sofreu muito, principalmente nas mãos das elites. O profeta está sujeito à rejeição e ao sofrimento. Principalmente quando denuncia as injustiças e a corrupção presentes numa sociedade e anuncia propostas de mudanças. O profeta é um “homem de visão”, com os pés no chão da vida do povo. Ele é intérprete e anunciador da palavra de Deus.

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