14. Segundo livro dos Reis | Paulus Editora

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Bíblia

14/04/2020

14. Segundo livro dos Reis

Por Nilo Luza

Como vimos no artigo anterior, os dois livros dos Reis formavam um volume só, foi dividido em dois na tradução da Bíblia para o grego (Septuaginta). Provavelmente os livros dos Reis começaram a ser elaborados a partir de tradições escritas e orais, durante o tempo dos reis Ezequias (716-687 a.C) e Josias (640-609 a.C). A redação final foi feita durante o cativeiro na Babilônia (587 a.C) e após o exílio (530 a.C), pela Escola Deuteronomista. São mais ou menos 400 anos de história, que vai por volta de 970 até 560 a.C.

Os livros procuram fazer uma reflexão crítica da história do povo de Israel e dos reis que o governaram, tanto os do Norte (Israel) como os do Sul (Judá). A intenção do autor é apresentar Davi como modelo de todos os reis. Segundo livro dos Reis pode ser dividido em quatro partes:

1) Profeta Eliseu (2Rs 1-8): No início do segundo livro dos Reis, termina a missão de Elias e inicia a do profeta Eliseu. A vocação de Eliseu aconteceu lá atrás (1Rs 19,19-21) quando estava trabalhando no campo, Elias passou e jogou o manto em cima de Eliseu, sinal da investidura da missão de profeta.

Há várias anedotas ligadas a Eliseu, suas intervenções nem sempre são denúncias contra alguma injustiça ou o prenúncio de algum castigo divino. Entre as anedotas podemos destacar a transformação da água (2Rs 2,19-22) ou aquela que jogou a praga sobre um grupo de meninos, que foram devorados pelos ursos por eles tê-lo chamado de careca (2Rs 2,23-24). Eliseu realizou também alguns milagres. Anunciou o nascimento de um filho à sunamita cujo marido já era de idade, o menino ficou doente e morreu e o profeta o ressuscitou (2Rs 4,8-37). Multiplicou os pães (2Rs 4,42-44) e curou da lepra Naamã (2Rs 5).

As fantasias e os milagres de Eliseu mostram que Javé age pela ação e palavras do profeta. Viveu intensamente o perturbado momento político e social do seu tempo. Eliseu está bastante envolvido nos eventos políticos no início do século 9º AC: na guerra com a Síria (2Rs 6,8-23); no assédio à Samaria e sua fome (2Rs 6,24-7,2); no unção de Jeú como rei de Israel (2Rs 9,1-10)…

2) Revolta de Jeú (2Rs 9-13): Jeú reinou em Israel (Reino do Norte) durante vários anos (841-814 a.C) e esteve muito ligado ao profeta Eliseu. Sua dinastia foi a mais longo no Reino do Norte, durou em torno de cem anos, durante quatro gerações. Teve muito apoio do profeta Eliseu.

3) Fim do reino do Norte (2Rs 14-17): Após a separação Norte e Sul (930 a.C), o reino do Norte subsistiu até 722 a.C, quando a Assíria invade e toma a Samaria. São duzentos e poucos anos de monarquia, durante os quais tivemos 19 reis que governaram nesse período, alguns pertencem ao primeiro livro dos Reis. Foi um período bastantes estável em Israel até a Assíria se impor como potência. Podemos destacar Oseias (não confundi-lo com o profeta de mesmo nome), durante seu reinado (732-724 a.C), a Assíria já estava interferindo nos assuntos internos do reino do Norte e obrigou o rei a pagar impostos. Enquanto pagava impostos à Assíria, Oseias fez aliança com o Egito, tentando unir forças, mas foi inútil. Assim Samaria caiu nas mãos do rei assírio (Salmanassar).

4) Fim do reino do Sul (2Rs 18-25): Após a divisão do reino (930 a.C), a história de Judá até o exílio durou em torno de trezentos e quarenta anos. Com a queda da Samaria, houve grande migração do Norte para o Sul, favorecendo seu desenvolvimento econômico. Depois de sobreviver por quase um século e meio da queda da Samaria, Judá também chega ao fim com a invasão de Nabucodonosor, tomando Jerusalém e deportando a camada dominante judaíta para a Babilônia (587 .C).

Durante o período que vai de 930 a 587 AC, podemos destacar a atuação de dois reis do reino do Sul (Judá): Ezequias (716-687 a.C) e Josias (640-609 a.C), os quais promoveram a centralização do culto em Jerusalém, destruindo os santuários do interior. Pretendiam reunir novamente os dois reinos (Judá e Israel). Foi dado grande passo para o monoteísmo (culto a um só deus considerado o único verdadeiro).

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