13. Primeiro livro dos Reis | Paulus Editora

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Bíblia

16/03/2020

13. Primeiro livro dos Reis

Por Nilo Luza

A exemplo de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis também formavam, no começo, um livro só e foi dividido em dois na tradução da Bíblia para o grego (Septuaginta). Provavelmente os livros dos Reis começaram a se formar no tempo dos reis Ezequias (716-687 AC) e Josias (640-609 AC). Esses livros abrangem os acontecimentos de Israel desde o declínio de Davi até Sedecias (597-587 AC), último rei de Judá. São mais ou menos 400 anos de história, que vai por volta de 970 até 560 AC. A redação final foi feita durante o cativeiro na Babilônia, pela Escola Deuteronomista.

Os livros procuram fazer uma reflexão crítica da história do povo de Israel e dos reis que o governaram, tanto os do Norte (Israel), menos valorizados; como os do Sul (Judá), mais valorizados pelos autores. Davi é o protótipo para todos os reis.

O templo e o profetismo exercem papel importante nessa história do povo. O templo é o lugar da reunião de todo o povo para o encontro com Deus. Os profetas mantêm viva a consciência do povo, cobram fidelidade à aliança e são críticos do poder opressor.

Podemos dividir o primeiro livro dos Reis em duas grandes partes: durante a vida e o reinado de Salomão (1Rs 1-11) e depois de sua morte a divisão política e religiosa do reino (1Rs 12-22).

Com o envelhecimento de Davi, começam as intrigas pela sua sucessão, Adonias seria o legítimo sucessor, mas Salomão acaba levando a melhor, apoiado por Betsabeia. Os autores descrevem a grandeza de Salomão em três aspectos: um rei sábio, um rei construtor e um rei comerciante.

Salomão é conhecido como um rei sábio. Pede a Deus que lhe dê um “coração que escute, para julgar o povo e distinguir entre o bem e o mal” (1Rs 3,9). Destaca-se quando tem de decidir sobre uma criança disputada por duas “mães” (1Rs 3,25-27). Com isso, nasce a ideia de que Salomão é um rei sábio e foi considerado patrono da literatura sapiencial.

A construção do templo de Jerusalém foi a obra que coroou Salomão como grande construtor. A obra é descrita pormenorizadamente desde os preparativos até a ornamentação. No templo introduz a arca da aliança, faz as orações e abençoa a assembleia, exercendo funções que cabiam aos sacerdotes. Além do templo, Salomão construiu seu próprio palácio e o de uma de suas esposas, a filha do faraó do Egito.

Outro aspecto importante da grandeza de Salomão é o comércio internacional. Muito disso é fruto de casamento com mulheres estrangeiras, uma das formas para manter boa vizinhança com os países próximos. Por causa dessas transações comerciais, Salomão acabou entregando partes do território, encolhendo-o do que recebeu de seu pai, Davi.

Nem tudo, porém, foi grandeza na vida e no reinado de Salomão. Nesses 40 anos de seu reinado, montou uma estrutura cara e pesada da monarquia, trazendo consequências desastrosas para o povo, que teve de arcar com as despesas. Em sua velhice, surgem revoltas principalmente dos camponeses, por causa do peso que deviam sustentar o luxo da corte.

Com a morte de Salomão, surgem as brigas pela sucessão. Roboão assume o poder de forma autoritária. As tribos do norte rebelam-se e provocam a ruptura entre Norte (Israel) e Sul (Judá), proclamando Jeroboão seu rei. Até o fim do livro, os autores vão descrevendo os reis do Reino do Norte e os do Reino do Sul. Estes são mais valorizados do que aqueles.

Durante o reinado de Acab (874-853 AC), o autor interrompe a história dos reis e introduz a figura do profeta Elias, que se estende até o início do segundo livro dos Reis. Elias é personagem bíblica importante, tanto no Antigo como no Novo Testamento. São narrativas populares que descrevem a importância do profetismo na monarquia. No monte Horeb, Elias faz a experiência de um Deus suave e sensível, o Deus da libertação e que escuta o clamor do oprimido (Ex 3,7). Depois disso, Elias desaparece da cena e volta depois de seis anos para condenar Acab e sua esposa, Jezabel, por ter provocado a morte de Nabot para tomar posse da sua vinha (1Rs 21). Por causa dessas denúncias contra o poder que oprime o pobre, Elias foi perseguido, mas com a força de Deus sempre dava um jeito.

1 comentário

17/3/2020

André Vilhena

Muito bom, graças a Deus temos acesso a essa leitura que nos enche de conhecimento e verdade