12. Segundo livro de Samuel | Paulus Editora

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11/02/2020

12. Segundo livro de Samuel

Por Nilo Luza

O segundo livro de Samuel narra a unção e o governo de Davi como rei de Israel, ilustrando a generosidade e a bondade do Senhor para com aqueles que são fiéis a ele. Todo esse livro trata praticamente da vida e do reinado de Davi, que é lembrado como o maior rei da história de Israel. Graças à fidelidade de Davi, o Senhor o abençoou e honrou. Contudo, este livro ilustra que até os mais justos podem cair se não forem diligentes em cumprir os mandamentos.

Contudo, ao relatar os pecados de Davi e de seus filhos, esse livro também mostra a tristeza e a tragédia que acompanham a violação dos mandamentos do Senhor. Por meio desse livro, podemos aprender que, se não formos fiéis no cumprimento dos mandamentos de Deus, podemos cometer erros que podem alterar o curso de nossa vida e trazer consequências prejudiciais para nós mesmos e para os outros.

Podemos dividir este livro em quatro partes: 1) Davi, rei de Judá (2Sm 1-4); 2) Davi rei de Judá e de Israel (2Sm 5-8); 3) Intrigas na sucessão de Davi (2Sm 9-20); 4) Apêndices (2Sm 21-24).

Primeira parte (2Sm 1-4): O segundo livro de Samuel inicia com o anúncio da morte de Saul, revelada por uma testemunha amalecita, diferente da narrada no primeiro livro (1Sm 31,1-7). Com a morte de Saul, o caminho para o trono está livre para Davi. Com isso, Davi é ungido rei de Judá (reino do Sul), em Hebron, onde reina por sete anos, antes de conquistar as tribos do Norte (Israel).

Segunda parte (2Sm 5-8): Começa o relato do reinado de Davi sobre todo Israel (Norte e Sul). Temos nesses capítulos relatos de diferentes épocas: um antigo, outro do período de Josias e, por fim, outro do pós-exílio. Davi leva a arca da aliança para Jerusalém e se oferece para construir um templo, mas o Senhor, por meio do profeta, o proíbe de fazê-lo. Somente seu descendente construirá uma casa para o Senhor. Segundo os autores, Davi exerce um julgamento sábio e governa com justiça e misericórdia.

Terceira parte (2Sm 9-20): Aqui acontecem várias intrigas, conquistas e abusos de poder enquanto se prepara a luta trágica pela sucessão de Davi. Até atos humanitários são feitos para controlar o herdeiro e a sua terra (2Sm 9,1-13).

O capítulo 11 explica como a decisão de Davi de cometer adultério com Betsabeia o levou a seguir o caminho do engano e da traição. Ela concebe um filho, Davi tenta fazer parecer que o marido de Betsabeia, Urias, é o pai. Quando esse plano não funciona, Davi então toma providências para que Urias seja morto em batalha e toma Betsabeia como esposa. Natã expõe por meio de uma parábola o pecado de Davi. Natã profetiza a tragédia e o sofrimento que advirão a Davi e à sua família.

A história de Absalão (2Sm 13-20), um dos filhos de Davi, nascido em Hebron, é personagem central do drama da família e retrata o conflito permanente entre Judá (Sul) e Israel (Norte). Apesar de Israel ser mais forte, mas é Judá quem consegue o domínio. O livro continua descrevendo os conflitos por causa da sucessão no trono.

Quarta parte (2Sm 21-24): Interrompendo o relato da família de Davi e de sua sucessão ao trono, que será retomada nos livros dos Reis, esses capítulos, seis apêndices com estrutura concêntrica, procuram mostrar que houve um período de certa estabilidade após a revolta de Seba.

O segundo livro de Samuel traz  figura de Davi, apresentado como rei ideal. Aos poucos consegue reunir todas as tribos do Sul e do Norte, consolidando a monarquia unida. Conquista Jerusalém e a transforma na capital política e religiosa de todo o Israel. Davi passou para a história como modelo de autoridade política justa. Essa é a visão dos autores, mas lendo sua história nas entrelinhas, percebemos que não foi tão justo e tão santo como é mostrado. Os livros de Samuel estão preocupados em avaliar a autoridade política. Para Israel, a autoridade é uma mediação entre Deus e o povo, portanto responsável para concretizar a ação que seria do próprio Deus. O livro deve ser lido como uma reflexão sobre a história e sobre a instituição monárquica.

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