Ser pai, hoje | Paulus Editora

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Família

21/08/2015

Ser pai, hoje

Por Suzana Coutinho

Comemoramos o dia dos pais, no segundo domingo de agosto. Mas, qual o papel do pai hoje? Historicamente, a figura paterna está associada ao “chefe de família”, aquele que mantém, cuida, provê o núcleo familiar economicamente. Era dele o direito sobre a família, desde a Roma antiga. Sob sua lei estavam a mulher, os filhos, os servos e/ou escravos, a casa, a terra e os animais. Uma visão que marcou profundamente a cultura familiar. Mas, hoje, quem é o “pai de família”?

Com as mudanças sociais, econômicas e culturais, as famílias mudaram muito daquelas configuradas sob o “patrimônio” e o pátrio poder.

As mulheres conquistaram vários direitos, o casamento mudou sua configuração e a legislação, em muitos países, acompanhou essas mudanças.

Sabe-se, por pesquisas, que no Brasil grande parte das famílias tem seu sustento econômico garantido pela mulher e que muitas mães educam seus filhos sozinhas. De outro lado, cresce o número de pais “solteiros” ou que assumem os filhos e a casa, quando a mulher trabalha fora, ou em casos de separação. Mais homens tem assumido a paternidade com mais afeto e companheirismo, do que com a força física ou econômica. Dividem as atividades domésticas com a esposa, participam mais da educação dos filhos.

Jesus, ao chamar Deus de “pai’ nos revela um modelo paterno, muito diferente do que se via, com certeza, em sua época, e que ainda hoje temos visto.

A parábola do pai amoroso (Lc 15, 11-32) não seria uma proposta para os pais hoje? Pai que ensina e confia, que compreende, que deixa o filho seguir e aprender com a vida, mas que acolhe e perdoa, dignifica e salva o que está perdido e doente? Com que ternura Jesus o chama de “Abba”, paizinho (cf. Mc 14, 36)! Ou o compara à galinha que coloca seus filhotes embaixo das asas (cf. Lc 13,34).

Os pais hoje enfrentam diversos desafios. Muitos, talvez, ainda busquem construir uma autoridade baseada na força.

Mas, Jesus nos ensina que a autoridade de Deus é exercida no amor, no cuidado e na orientação sobre o melhor caminho. Precisamos de mais “abbas”, paizinhos, que possam se divertir com os filhos, escutar seus sonhos e conflitos, mostrar-lhes os caminhos, abençoar suas jornadas e acolhê-los quando voltarem. Que se encontrem com os filhos, que os abrace e os cubra de beijos (cf. Lc 15, 20).

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