Preservar a “casa comum” é testemunhar a responsabilidade com a criação | Paulus Editora

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Igreja e Sociedade

18/03/2024

Preservar a “casa comum” é testemunhar a responsabilidade com a criação

Por Jenniffer Silva

Não é de hoje que o termo “casa comum” se tornou presente nas reflexões eclesiais e sociais. Ampliada, sobretudo, pelo convite do Papa Francisco a uma ecologia integral, a expressão desperta em nós o desafio de colocarmos no centro de nossas ações a responsabilidade com a criação divina.

Ao iniciar a encíclica “Laudato Si”, o Santo Padre louva a Deus por tal dádiva, utilizando-se do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, para manifestar seu apreço e desejo de levar-nos ao entendimento responsável de nossas ações para com o meio ambiente e fraternidade humana.

Refletirmos sobre o futuro do nosso planeta é o apelo feito pelo Pontífice em seu texto, que esclarece que tal debate deve nos unir, pois “o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”.

“O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum”, escreve o Santo Padre.

De fato, muito se caminhou desde as primeiras reflexões. Diferentes setores da sociedade vêm lutando, quase que incansavelmente, pela realização de um sonho que, embora pareça distante, é possível se todos estivermos na mesma direção.

“Desejo agradecer, encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados setores da atividade humana, estão a trabalhar para garantir a proteção da casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida aqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos”, manifesta o Papa Francisco.

Como em toda mudança de comportamento e cultura, frustrações ocorrem inevitavelmente. Cabe pensar que muitas gerações “acostumaram-se” com a ideia do descarte irregular daquilo que não era mais necessário, a poluição era vista como algo insuperável e muitas outras formas de degradação foram sendo normalizadas ao longo da história.

Felizmente, somos seres formados de esperança e isso deve nos manter em movimento e comprometidos com a formação daqueles que chegaram a essa casa depois de nós. Para que isso ocorra, devemos buscar subsídios que nos auxiliem a transmitir a mensagem certa para as futuras gerações.

Publicado pela PAULUS, o título “Casa Comum ou globalização da indiferença? – Ensaios sobre ecologia integral, fraternidade, política e paz” pode contribuir com essa missão coletiva, pois o autor Paulo César Nodari leva o leitor a refletir sobre tal responsabilidade inspirados nas palavras do Papa Francisco.

Segundo Nodari, não é possível permanecer indiferente aos problemas e crises que afetam e assolam a sobrevivência e a preservação da vida de todos os seres vivos. De acordo com a obra, tais aspectos estão ligados a época em que vivemos, marcada pelo desenvolvimento e pelo poder primaz da ciência e da tecnologia, além das marcas dilacerantes da pandemia da Covid-19 e pela globalização da indiferença.

Inspirados no Santo Padre, busquemos ser testemunhos vivos e concretos do cuidado dessa casa que é para nós “uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços”.

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