O livro do Gênesis é o primeiro livro da Bíblia, mas não o primeiro a ser escrito. Aliás, todo ele é um retalho de tradições de várias épocas. O livro inicia com a palavra hebraica bereshit, que significa no princípio; o grego, por sua vez, a traduziu por gênesis, da qual deriva o nome do livro. A palavra gênesis significa origem, nascimento. Foi assim chamado porque nele encontramos relatos ou narrativas sobre a origem da vida, do mundo e do povo de Israel.
Essas narrativas não são históricas, são antes de tudo reflexões do povo sobre suas origens e a origem das coisas. Seu interesse não é “dar uma explicação científica ou histórica sobre o passado, mas contar o passado para explicar a realidade que se vive no presente”.
Podemos dividir o Gênesis em duas grandes partes: A primeira parte, podemos chamá-la de “as origens” (capítulos 1-11): relata as origens do mundo, da vida e dos diversos povos; apresenta o valor que devemos dar à obra de Deus. A natureza, a vida e a pessoa humana, tudo obra de Deus. A segunda parte (capítulos 12-50) trata da história dos patriarcas e matriarcas, personagens importantes do mundo bíblico. Esta parte pode ser subdividida em três blocos: Abraão e Sara (12-25); Jacó e seus filhos (26-36); José e seus irmãos (37-50).
O Gênesis, assim como os outros livros bíblicos, não foi escrito na época em que as coisas aconteceram. A literatura bíblica não é jornalismo que divulga os fatos quase ao mesmo tempo em que acontecem. Nem propriamente história no sentido moderno, com provação científica. O livro ficou pronto com a forma que o conhecemos hoje lá pelo ano 400 AC.
O livro do Gênesis levou em torno de quinhentos anos para chegar como o conhecemos. Foi elaborado praticamente em três momentos importantes: durante o reinado do rei Salomão (971-931 AC); durante o período entre 800-700 AC; durante o período do exílio na Babilônia e do pós-exílio (585-400 AC). É neste último período que recebeu os últimos acréscimos e retoques.
As histórias e narrativas das famílias, dos clãs e das tribos, gradativamente essas “histórias particulares” foram sendo reelaboradas, agrupadas e costuradas, formando o livro que temos na Bíblia. Por isso, encontramos no livro algumas repetições e até contradições, além do contorno que receberam dos últimos redatores, que são os sacerdotes ligados ao templo de Jerusalém, no período pós-exílico.
Eu gostei muito pois o conhecimento da palavra de Deus nunca é demais quanto mais se conhece mas se quer conhecer
Bem elucidativo. Gostei muito!
Muito boa essa explicação, acaba com muita doutrina baseada em Gênesis como sendo um livro inspirado por Deus, onde não há equívocos.