Ao se dirigir ao templo para ouvir e conversar com os mestres, Jesus empreende os primeiros passos para sua independência. Ele como que antecipa sua autonomia e sua maturidade religiosa – que, para os judeus, costumava ocorrer aos treze anos, sendo-lhe permitido, a partir de então, participar dos ensinamentos dos mestres sobre a Lei e assumir as obrigações da religião.
A preocupação de Maria é compreensível, pois, além da aflição trazida pelo desaparecimento do filho ainda adolescente, a volta dele para Nazaré, sem a companhia de parentes e amigos, se tornaria perigosa.
Na resposta à pergunta da mãe, Jesus revela sua relação com Deus, seu Pai. Desde cedo, aprendeu a estar em sintonia com o Pai, sem desvalorizar os pais terrenos. A ligação profunda com o Pai fortaleceu suas opções ao longo da vida e da missão. A Palavra de Deus sempre fez parte de sua vida, e buscava nela iluminação para a missão.
Além disso, Jesus aprendeu na escola da vida: na convivência com os pais em Nazaré, no trabalho cotidiano, na realidade dura de sua infância e juventude, no contato com os desafios enfrentados pelo povo simples. Foi um tempo de aprendizagem, que o preparou para se relacionar e conviver com a realidade sofrida do povo, explorado e oprimido como ovelhas sem pastor. Ele cresceu em sabedoria, na convivência fraterna, e em graça, na comunhão com o Pai. Na vida do dia a dia, Jesus se revela uma pessoa humana e humanizadora.
Seus pais não compreenderam a resposta à pergunta que lhe dirigiram, mas guardaram tudo no coração. Assim como Maria e José naquela ocasião, nem sempre compreendemos as palavras e ensinamentos de Jesus. Contudo, é importante que os guardemos no coração para que, um dia, possam tornar claro para nós seu projeto de vida e liberdade.
A celebração da Sagrada Família nos leva a refletir também sobre a realidade de nossas famílias – nestes tempos longos e duros de pandemia. Nenhuma família se salva sozinha. Os seres humanos formam uma única e grande família.
Pe. Nilo Luza, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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