A HUMANIDADE FERIDA | Paulus Editora

O Domingo
A HUMANIDADE FERIDA

O evangelho de hoje expressa atmosfera de morte. Há alguém, porém, maior do que a morte: Jesus.

A menina de 12 anos, filha de um chefe de sinagoga, encontra-se à beira da morte e, de fato, adormece. A mulher anônima, que há 12 anos sofre de hemorragia, ferida na sua dignidade e excluída, é o retrato do povo impedido de viver.

Se, para esta, o fluxo de sangue a torna estéril e também a faz impura – segundo a religião daquele povo –, para aquela, morrer aos 12 é morrer na idade de se tornar mulher. No tempo de Jesus, era costume a mulher se casar cedo e ter logo filhos. As duas, portanto, são a expressão de uma vida estéril, de humilhação e exclusão.

Jesus, em meio a esse cenário, é aquele que restitui a vida em plenitude. Ele é o homem das periferias geográficas e existenciais que se compadece da humanidade ferida. Por isso se move sempre de uma margem a outra, para atender a todos os que o buscam. Embora caminhe cercado por uma multidão, ele se interessa pelas pessoas em suas particularidades.

A mulher que toca nas vestes de Jesus é movida pela fé. Apesar da proibição do toque, em razão da impureza legal, sabe que tocar nele é tocar a verdadeira vida. O pai da menina, por sua vez, também é impelido pela fé. A cura é consequência da fé. O gesto de se prostrar aos pés de Jesus (tanto do chefe da sinagoga quanto da mulher) é a confissão de fé no enviado de Deus.

Jesus, portanto, cura, liberta e ressuscita. A cura da mulher e da menina manifesta o poder da ressurreição, o Espírito de vida. Ao se dirigir à mulher, que tremia, Jesus a enxerga com afeto: “Minha filha, tua fé te salvou”. Ela agora é mulher restaurada na liberdade. A ordem para que a menina fique de pé é também para que toda a comunidade esteja de pé.

A comunidade ressuscitada está de pé; é capaz de erguer os que estão caídos neste mundo marcado pelo sofrimento e pela indiferença.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

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