Os fariseus põem Jesus à prova com o tema do divórcio. Para entender a pergunta deles, é preciso saber que, na sociedade patriarcal daquele tempo, a mulher era considerada como propriedade do homem, o qual podia mandá-la embora, ou seja, divorciar-se, pelos motivos mais banais. Abandonada pelo marido, ela sofria as piores difamações. A Lei de Moisés, portanto, ao prever a “certidão de divórcio”, procurava defender a mulher nesses casos, pois tal certidão lhe servia como um atestado de honra para buscar outro rumo na vida. Na prática, porém, o divórcio escancarava o machismo e o desrespeito para com as mulheres.
A resposta de Jesus, porém, não tem como horizonte uma exceção feita por causa da dureza do coração dos homens. É resposta que põe às claras e rejeita a dominação do homem sobre a mulher. A resposta de Jesus contempla o amor de Deus ao criar o ser humano: ele os criou homem e mulher, para se unirem e serem uma só carne, de modo que ninguém os separe. Portanto, comete adultério não somente a mulher, mas também o homem que se divorcia.
Todos sabemos da dor e do sofrimento envolvidos em histórias de casais que se separam, pois deixaram de se amar e de ser amigos por falta de diálogo, franqueza, compreensão e perdão. O sofrimento é ainda maior se na história estão os filhos, gerados de um amor que se prometeu eterno. Diante da banalização do casamento em nossa sociedade, as palavras de Jesus aí estão, a afirmar que ninguém tem o direito de se intrometer na vida de um casal ou de separar o que Deus uniu.
Jesus nos convida a assumir a atitude das crianças. Elas, como as mulheres de então, eram consideradas como simples posse. Como uma criança que aprende convivendo com os pais e vendo a atitude deles, assim Jesus nos convida a aprender do Pai vendo o exemplo do Filho. Se recebermos o Reino como crianças, aprendendo as atitudes de Jesus, o amor fiel que une, perdoa e se doa será sempre a regra sem exceção.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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