13 de abril: Ceia do Senhor | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
13 de abril: Ceia do Senhor

AMOR QUE NÃO SE MEDE

Ao cair da tarde, Jesus se encontrou com seus amigos para uma janta de despedida. Sabia que a hora de partir estava chegando. Certamente seu peito ardia de emoção, e ele tinha na garganta aquele aperto que só quem ama sabe o termômetro. Sua vida foi toda guiada pelo amor. Amor puro e incondicional. Um de seus amigos o trairia.

A dor da traição é uma das mais violentas. A traição é arma que rasga a alma. Jesus estava sentindo esse rasgo interior. Mas não tinha ressentimentos. Sentia dor. A dor da rejeição. Mas essa dor não era porque seria traído. A dor era de compaixão pelo traidor. Rejeitar o amor verdadeiro é escolher o inferno.

Ao sentar à mesa com os amigos antes de partir, Jesus queria expressar que nada pode destruir o amor, mesmo quando este é traído. O amor de verdade nunca acaba. É como água de cacimba de fonte boa: quanto mais se tira água, mais água brota. Ele é a fonte do amor que nem a morte tem o poder de destruir.

Com o gesto de sentar-se à mesa, Jesus estava lhes expressando o amor total. Aquele amor que faz os olhos brilhar, ainda que a tarde caia, a noite escura venha, a dor aperte. Quem passa pelas noites escuras supera as adversidades da vida, sejam quais forem. A hora de o sol nascer chegará. E ele sempre nasce, trazendo luz, esperança.

Antes de partir, Jesus quis realizar com os amigos um dos gestos mais lindos: a comunhão de mesa. Partilhar o alimento é muito mais que experimentar a materialidade. É sentir a dimensão maior da vida, que ultrapassa o tempo presente e aponta para a eternidade. A crueldade do mundo não é capaz de quebrar o vínculo do amor.

O amor é mesa onde o alimento é partido. Jesus se parte, deixa-se quebrar por amor, para que quem vive anulado se erga, reviva. Seja feliz.

Jesus é o amor que preenche todos os espaços da existência. Não um amor tecido de ideias, um projeto teórico. Ele é uma pessoa. Ele se deixa tocar. E muito mais: ele se faz alimento. Pão que sacia a fome, todas as fomes. Vinho que satisfaz a sede, todas as sedes.

A Quinta-feira Santa é o dia em que o amor se plenifica. É o dia do muito obrigado, da gratidão que ultrapassa as palavras. É o dia da eucaristia, ação de graças em plenitude.

Jesus senta à mesa com cada um de nós e nos fala ao coração. Ele nos ama para além de nossas limitações. Deixemo-nos tocar por ele. E na vida, toquemos a vida daqueles que mais necessitam de amor, sobretudo dos que vivem nas periferias existenciais e geográficas.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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