SEGUIR JESUS NO DISCERNIMENTO
A palavra de Jesus que o evangelista Lucas nos dirige hoje parece provocadora e até chocante. Para nos tornarmos seus discípulos, o Senhor nos pede que o prefiramos àqueles que amamos e vivem ao nosso redor (v. 26); que levemos nossa cruz, o sigamos e renunciemos a tudo o que é nosso (v. 27). Se nos prendermos ao sentido estrito dessas palavras, elas nos soarão excessivamente difíceis, a ponto de entrarem em contradição com os Mandamentos, que nos recomendam honrar pai e mãe (Dt 5,6). No entanto, o que Jesus realmente quer é que entendamos que a decisão de segui-lo não deve ser tomada levianamente.
Convém destacar que o termo “desapegar” – longe de representar um apelo para nos desafeiçoarmos dos familiares, pois os laços emocionais dados a nós vêm de Deus – significa corretamente, nesse contexto, “preferir”. Preferir Jesus, preferir o amor de Cristo, é estarmos prontos para deixar todos os laços que nos prendem e impedem nossa fidelidade ao caminho do discipulado cristão.
Com efeito, se nossos propósitos não estiverem bem alinhados com Deus, o edifício de nossa vida de discípulos e discípulas corre o risco de entrar em colapso. Do ensinamento de Lucas nas duas pequenas parábolas sobressai a necessidade de parar, pensar e aconselhar-se antes de decidir seguir Jesus. Pois ser discípulo(a) dele é escolha ponderada e livre, e não apenas uma questão de entusiasmo momentâneo.
Ser discípulos necessariamente nos leva pelo mesmo caminho de Jesus, onde a cruz não faltará: “Quem não leva sua cruz atrás de mim não pode ser meu discípulo” (v. 27). Ele pede a todos a mesma seriedade em segui-lo. “Grandes multidões acompanhavam Jesus” (v. 25), diz o início do Evangelho deste dia.
Nós, hoje, fazemos parte do grupo de discípulos ao qual se dirige essa palavra. O Concílio Vaticano 2º nos lembra isso claramente quando afirma, na Constituição sobre a Igreja: “É óbvio para todos que o apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os que acreditam em Cristo, seja qual for seu status ou posição” (Lumen Gentium, n. 40). Peçamos ao Senhor que renove nosso desejo lúcido de segui-lo e que a participação na celebração da Palavra nos dê forças para amar até o fim, tendo-o sempre como referência preferencial.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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