Livros Históricos – 3. Samuel | Paulus Editora

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06/03/2017

Livros Históricos – 3. Samuel

Por Nilo Luza

Este ano estamos tratando dos chamados “livros históricos”, a Bíblia Hebraica os chama “profetas anteriores”. Deixamos para mais tarde o livro de Rute e, neste mês, vamos tratar dos dois livros de Samuel. Originalmente esses dois livros eram um só tomo, foi dividido em dois na tradução para o grego (septuaginta). Provavelmente foi escrito ou compilado em Jerusalém pelos escribas, que reuniram tradições orais e escritas do Norte (Israel) e do Sul (Judá). Sua redação final se deu provavelmente logo após o cativeiro da Babilônia. Por trás dos livros (contexto histórico) estão as conquistas do rei Josias (640-610 AC), que consegue criar de fato um Estado em Jerusalém.

Os livros são o centro do conjunto de narrativas que relatam acontecimentos que se situam, mais ou menos, entre 1050 a 970 AC. Abrangem o final da era dos juízes e vai até o reinado de Davi. Foi um tempo de mudança de rumos da história de Israel. Esses livros apresentam uma análise crítica dessa etapa da história do povo de Deus. Avaliam as circunstâncias em que se deu essa reviravolta e as consequências que ela acarretou.

A divisão de uma obra é normalmente relativa, varia do ponto de vista de quem a faz, aqui propomos a seguinte: primeira parte (1Sm 1-7): centrada na figura de Samuel e os primeiros sinais de mudança; segunda parte (1Sm 8-15): transição dos juízes para a monarquia, centrado principalmente na figura de Saul, primeiro rei de Israel; terceira parte (1Sm 16-31): declínio de Saul e ascensão de Davi ao trono; quarta parte (2Sm 1-20): Davi, rei de Judá e de Israel, unificando portanto o estado de Israel; quinta parte (2Sm 21-24): apêndices, que tratam da função da autoridade.

Os livros de Samuel propõem uma avaliação crítica da implantação da monarquia em Israel. No primeiro livro há duas tendências bem claras: contra, refletindo mais a visão das tribos do Norte (Israel), e a favor, representando mais a visão das tribos do Sul (Judá). O segundo livro de Samuel traz a figura de Davi, apresentado como rei ideal. Aos poucos consegue reunir todas as tribos do norte e do sul, consolidando a monarquia unida. Conquista Jerusalém e a transforma na capital política e religiosa de Israel.

Os livros de Samuel estão preocupados em avaliar a autoridade política. Para Israel, a autoridade é uma mediação entre Deus e o povo, portanto responsável para concretizar a ação que seria do próprio Deus. Hoje podem despertar uma consciência crítica em relação à função política de uma nação. Os livros mostram que a função da autoridade é salvar e servir ao bem comum, propondo políticas públicas de inclusão social, que favoreçam condições de vida digna a todo o povo.

1 comentário

25/10/2019

Maria de Fatima Bento de Araujo

Obrigado pelo esclarecimento á cima foi de grande valia,para esclarecimento próprio e para dar minha aula com mais segurança.