Cuidar da vida integralmente | Paulus Editora

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Família

18/10/2013

Cuidar da vida integralmente

Por Suzana Coutinho

Entre tantas tarefas das quais se ocupam as famílias, está a de cuidar dos mais frágeis. E esta não é uma tarefa nova. Muitos antropólogos e historiadores dizem que os primeiros núcleos comunitários humanos já se viam com essa finalidade. E hoje, quantas são as famílias que vivem, não sem angústias, a tarefa de se dedicar a um dos seus membros que perdeu ou que não conseguirá ter autonomia para cuidar de si mesmo. Necessita de ajuda contínua, seja pelos limites da idade, ou por doença, síndromes ou ainda acidentes.

Nesses casos, a fragilidade da vida humana se torna ainda mais visível. É preciso tempo, recursos, conhecimento e ajuda para esse cuidado que, infelizmente, nem todas as famílias têm. Observando muitos casos, é possível destacar duas posturas entre as famílias: as que dividem tarefas e levam a vida com alegria e esperança, reconhecendo os limites colocados; e as que acumulam um ou dois membros da família de todas as tarefas, se perdem na tristeza e no desânimo, adoecendo junto com os mais frágeis. Não é tarefa fácil cuidar de pessoas com limites maiores que os nossos. Por isso, muitos especialistas dizem que é preciso cuidar da saúde de todos, integralmente. O bom humor, a alegria de viver, mesmo em situações limites, a consciência sempre clara do que é possível e do que não é, permitem, entre outras coisas, manter a saúde do ambiente familiar.

Jesus sempre se compadeceu dos que sofriam. No Evangelho de Mateus (9, 35-38), olhando a multidão cansada e abatida, tem compaixão. A lição vem em seguida: ensina aos discípulos que peçam mais trabalhadores para a colheita. Assim, aprendemos com Jesus a compartilhar as responsabilidades, seja na comunidade, seja na família. Compartilhar os momentos difíceis, mas também as horas agradáveis, de descanso e lazer, para que se refaçam as energias. Cuidar dos outros pressupõe, também, o cuidado de si mesmo. Se a cruz é pesada, são necessários muitos “simeões”, para torná-la possível a cada um.

Acolher as pessoas com seus limites é tarefa de todos os dias, de todos os membros da família. Mas, é preciso aprender a lidar com essas situações, não deixando que os limites se tornem o centro das atenções de todos. As pessoas, sim, devem ser o foco das atenções, não seus problemas. Se é possível alguma autonomia, que todos trabalhem para isso; se essa já não é possível, então, que todos assumam sua responsabilidade em promover a vida humana, em sua integridade, dos mais frágeis e daqueles que cuidam deles.

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