Comunicar ou informar: qual o papel da família? | Paulus Editora

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07/03/2016

Comunicar ou informar: qual o papel da família?

Por Suzana Coutinho

Entre os teóricos da comunicação, há uma grande discussão que fala diretamente para as famílias: vivemos na sociedade da informação, mas, estamos de fato vivendo a comunicação? Há aqueles que, inclusive, alertam para o perigo do excesso de informação, que pode atuar em nossas mentes, de forma a desequilibrá-la, causando neuroses e depressão. E não é muito difícil verificar os “sinais dos tempos”: crianças cada vez mais novas “conectadas”…, mas, conectadas a que, a quem, com quais objetivos e com que possíveis consequências?

Para muitos educadores, não é possível viver hoje sem os meios de comunicação, principalmente os digitais, mas reconhecem que o uso inadequado deles provoca consequências ruins no processo de aprendizagem. Em nossas comunidades cristãs, há tantos outros dilemas: pode a “comunicação digital” substituir a “comunicação pessoal”?

Já vi pais e mães que levam seus filhos à igreja e permitem que, durante a celebração, fiquem “conectados” para “passar o tempo”. Estão educando para a vida de fé? As novas tecnologias da informação, com certeza, são ótimas ferramentas, se soubermos utilizá-las para os objetivos e projetos que temos. Mas, poderão elas substituir o contato pessoal, as experiências pessoais e as vivências dialogais?

Dar ou propiciar meios para se obter informação não define todo o processo de comunicação. Esta pede muito mais de nós: uma abertura ao outro, um ouvir profundamente o que se diz, um falar que tenha sentido e significado, uma busca pela comunhão de sentidos que leve à comunhão de ações. A palavra de Deus nos chama à verdadeira comunhão. Jesus reza e pede ao Pai que vivamos em comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs (cf. Jo 17, 20-26). O apóstolo Paulo pede à comunidade que viva a comunhão que o amor cristão nos convoca: “completem minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento” (Fl 2,2). É a comunicação o meio pelo qual chegamos ao conhecimento uns dos outros, de nós mesmos e de Deus. Ele se fez “verbo” (palavra), mas também “Deus conosco” (Emanuel), partilhou de nossa vida e nos anunciou, com palavras, gestos e sua presença, o amor e o Reino de Deus.

Pais e mães podem e devem orientar seus filhos e, principalmente, “conduzi-los” pelo exemplo. Não basta repassar informações. Temos que nos esforçar por comunicarmos, cada vez mais, aprofundando nossos laços, partilhando conhecimentos, experiências e a própria vida. Sem isso, a conversa fica “fiada”.

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