Acende a Fogueira do Meu Coração! | Paulus Editora

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Catequese

18/06/2018

Acende a Fogueira do Meu Coração!

Por Tania Pulier

Junho. Mês de quadrilhas e “arraiás” por todo o país. Em meio ao colorido das roupas e enfeites, cantamos “São João, São João, acende a fogueira do meu coração!”, sem nos dar conta da prece profunda que está aí. Dirigida ao santo na música, poderia tê-lo como intercessor numa oração ao Pai por Jesus no Espírito, que é o próprio fogo. Não será o mesmo que pedir para fazer o nosso coração semelhante ao do Filho? Basta ver as imagens do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa também celebramos neste mês. Uma verdadeira fogueira!

A oração na catequese é espaço privilegiado para o acendimento dos corações, que acontece no encontro com Jesus vivo e presente no meio de nós pelo Espírito, na experiência do amor pleno e plenificante do Deus Pai e Mãe revelado na vida concreta do Filho e testemunhado pelos filhos e filhas ao longo da história. Entre eles, São João, Santo Antônio, São Pedro e tantos santos e santas conhecidos ou anônimos pelos quais nos é transmitida a fé.

Esse é o grande objetivo da catequese, que deve ser buscado a todo momento, no preparo e na acolhida, no lanche e na brincadeira, na reflexão e na ação.

O Espírito sopra onde quer, e não exclusivamente nos momentos de oração. Eles, no entanto, preparam para reconhecer os sinais da presença de Deus e ensinam a dar tempo e abrir espaço na própria vida para estar com Ele. Como dizia Santa Teresa d´Ávila, “orar é tratar de amizade, muitas vezes a sós, com quem sabemos que nos ama.” Não existe uma forma única para isso. Na catequese, de acordo com a idade, o momento de caminhada da turma, o tema do encontro, podem ser usadas preces simples e tradicionais como o Pai Nosso, aprofundando no sentido de cada verso; o Ofício Divino das Comunidades; refrões e símbolos; gestos e bênçãos; adoração; leitura orante; entre outras.

Há, no entanto, elementos essenciais para que a oração aconteça. O silêncio é o grande responsável pelo mergulho na interioridade. Para consegui-lo, é preciso preparo – diminuir o ritmo aos poucos; usar técnicas de respiração que promovam quietude e centramento; criar ambientações que inspirem a reverência ao espaço sagrado, exterior e interior. A Palavra é o segundo elemento importante, sobretudo o Evangelho.

Meditar os ensinamentos de Jesus e contemplar sua vida conectam com Deus e com o humano que somos chamados a ser, seguindo os passos do Filho. Por fim, o diálogo, que nasce do silêncio fecundo e do encontro com a Palavra que é o próprio Cristo. Escutar o seu chamado pessoal e responder-lhe com a palavra que brota no coração é vivenciar a experiência da samaritana, que passo a passo descobre ter encontrado Aquele que todos esperavam.

 Por tudo isso, a oração é experiência do Amor. Nasce do chão da vida e a ilumina, configurando o orante a Cristo e, assim, levando a opções concretas de fraternidade. Como os discípulos, nós também, catequistas, catequizandos e toda a comunidade de fé, precisamos pedir diariamente ao Mestre: “Ensina-nos a orar!” Com Ele, no Espírito, cada pessoa pode dirigir-se diretamente ao Pai e pedir-lhe: acende a fogueira do meu coração! E que eu possa levar o Seu fogo transformador a quem encontrar.

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