A gente do mar | Paulus Editora

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01/08/2020

A gente do mar

Por Darlei Zanon

Como é relaxante contemplar o mar: sua imensidão cativante, suas cores brilhantes, seu movimento cadenciado… Certamente muitos de nós vai ao mar, especialmente nas férias, para relaxar ou se divertir, para repor as energias e poder assim enfrentar um novo ano de trabalho e atividades. Entretanto ele não é apenas lugar de repouso e descanso. São muitas as pessoas que tem no mar a sua fonte de sustento. Por todas estas pessoas “que trabalham e vivem do mar, entre elas os marinheiros, os pescadores e suas famílias”, o Papa pede as nossas oração neste mês de agosto. Dediquemos então alguns minutos para refletir sobre toda esta “gente do mar”.

Muitos de nós provavelmente nunca pensou nas difíceis e sofridas condições de trabalho e de vida dos pescadores; nos seu trabalho longo e mal remunerado; no tempo que passam longe do lar, da família, dos amigos. Aqui podemos incluir ainda tantos outros trabalhadores do mar, não só os pescadores. Num mundo sempre mais globalizado, o movimento comercial através de navios cresce constantemente. Produtos que giram o mundo, da Ásia à América, da África à Europa, e assim por diante. Imaginemos, por exemplo, todas as voltas que o petróleo faz para chegar aos nossos carros em forma de gasolina, ou os giros que os produtos “made in China” fazem antes de serem vendidos nas esquinas de todo o planeta. O seu transporte é feito sobretudo via mar, com embarcações que exigem a presença e manutenção de inúmeros trabalhadores.

A realidade dessa categoria profissional é verdadeiramente especial, não só por causa da exposição aos agentes nocivos, mas principalmente em virtude do esgotamento físico e do sofrimento psicológico a que esse trabalhador é obrigado a se submeter, considerando as peculiaridades de seu trabalho e o longo tempo que permanecem nas embarcações. Muitos navios empregam pessoas de nacionalidades diferentes, o que impossibilita uma boa comunicação e convivência entre os marinheiros. Enfim, são tantas as dificuldades.

A Igreja procura atender pastoralmente este grupo através do Apostolatus Maris (ou Pastoral do Mar), uma rede internacional ligada ao Vaticano, criada já em 1922, que garante a cura pastoral e o apoio necessário aos católicos para viver e testemunhar a fé no mundo marítimo. Garante proximidade e assistência (espiritual, social, material) a quem trabalha em navios mercantis ou de pesca e também aos seus familiares que vivem em terra, independentemente da nacionalidade e cultura. Normalmente esta assistência, especialmente material e jurídica, se estende também a não católicos. É um trabalho louvável, que merece ser conhecido e reconhecido, quem sabe com uma ajuda concreta, mas sobretudo sendo recordado ao longo deste mês nas nossas orações.

E por falar em orações, não esqueçamos que a fé, sobretudo a devoção mariana, é um elemento muito característico das pessoas que vivem e trabalham no mar. São muitas as invocações marianas relacionadas ao mar e à pesca. No Brasil são muito conhecidas as devoções a Nossa Senhora dos Navegantes e sobretudo nossa Mãe Aparecida; mas também são famosas Nossa Senhora do Cabo em Portugal (Setúbal, Cabo Espichel), Nossa Senhora de Bonária na Itália (Sardenha) ou Nossa Senhora da Guarda na França (Marselha). Recomendo a leitura do livro “Nossa Senhora de Todos os Nomes” (Paulus Editora) para conhecer melhor estes e tantos outros título marianos. A devoção mais popular e significativa a nível mundial, no entanto, é Nossa Senhora do Mar, ou Maria Estrela do Mar, a quem o Papa João Paulo II confiou todos os pescadores e marinheiros na sua carta pastoral que se intitula precisamente Stella Maris (1997), na qual estabelece algumas orientações básicas para o apostolado do mar.

Aproveite cada momento de oração deste mês de agosto para recordar de toda a “gente do mar”, acompanhando o Papa Francisco nesta intenção muito particular e importante. Rezemos “por todas as pessoas que trabalham e vivem do mar” e suas famílias, garantindo a elas também a nossa solidariedade, estima e respeito, pois se trata de um grande número de pessoas que muitas vezes são esquecidas ou excluídas.

Bom mês e boa oração!

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