A família entre dores, misericórdia e libertação | Paulus Editora

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Família

12/11/2015

A família entre dores, misericórdia e libertação

Por Suzana Coutinho

No período de 20 de novembro a 10 de dezembro, várias instituições e movimentos, no Brasil, promovem a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres” (em outros países, a campanha tem início no dia 25 de novembro). De cada três mulheres, uma (adulta ou criança) sofre agressões dentro das próprias casas. Muitas morrem vítimas desse tipo de violência. As notícias dão conta, no entanto, somente das que denunciam os casos de maus tratos e, infelizmente, das que chegam ao assassinato e viram páginas policiais.

E as que sofrem caladas, por medo ou até por esperança de que um dia o agressor se transforme ou a situação, de alguma forma, melhore?

A família é, em nossos discursos, uma importante instituição social, o “sonho de Deus”, um lugar seguro de acolhida e cuidado. Mas, em muitas realidades, não é este o retrato fiel da família. Muitas delas, inclusive católicas, sofrem o peso da violência doméstica, tendo a mulher como a maior vítima. Como apresentar um projeto de família, quando as relações internas são contraditórias com o amor divino?

Os bispos, reunidos no Sínodo sobre a família (4 a 25 de outubro de 2015), refletiram sobre essa grave situação. No relatório final, enviado ao papa Francisco, deixaram uma mensagem de solidariedade às vítimas de violência doméstica e de maus-tratos. Para eles, a prevenção e a resposta aos casos de violência familiar exigem uma colaboração estreita com a justiça para agir contra os responsáveis e proteger adequadamente as vítimas. O Sínodo pede que as comunidades católicas acompanhem, de forma pastoral, os que foram obrigados “a interromper uma relação marcada por contínuos e graves maus-tratos”.

É dever da Igreja acompanhar os momentos de sofrimento, na busca pelo fim dos conflitos. Em certas situações, o fim do conflito representa o fim do casamento.

Há ainda, quando possível, o caminho de reconciliação. O perdão e a conversão, em determinados casos, podem salvar os casamentos e as vidas que ali estão presentes. Mas, quando o casamento não é mais um sinal de união, de afeto, de compromisso, então, é preciso reconstruir outras formas de relação, pelo menos, de respeito, entre os que um dia formaram um casal, tiveram filhos e precisam cuidar destes.

Todos precisam do olhar misericordioso da Igreja, seu acompanhamento qualificado e específico para que possam encontrar luz diante das situações de treva, para que tenham vida em plenitude (Cf. Jo 10,10).

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