A família e a violência | Paulus Editora

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Família

27/09/2013

A família e a violência

Por Suzana Coutinho

Vivemos estarrecidos diante da TV e dos jornais, pelos inúmeros acontecimentos de violência que envolvem famílias inteiras. Chegam-nos notícias que denotam a fragilidade dos laços familiares, de convivências e relações doentias. O que deveria ser um espaço de renovação de forças para enfrentamento das dificuldades do “lado de fora”, se torna, algumas vezes, o pior dos lugares para se viver. Podemos nos perguntar: como resolvemos os problemas que enfrentamos dentro do convívio familiar? Optamos pelo diálogo sincero e fraterno ou vivemos aos gritos, ou ainda, na frieza de relações sem nenhuma comunicação verdadeira?

Dados nos dão conta que a maior parte da violência sofrida por crianças, mulheres, idosos e portadores de deficiência ocorre “dentro de casa”. O agressor geralmente é alguém que deveria proteger, cuidar, educar com e para valores de solidariedade, respeito e autonomia. Há ainda, nesse universo da violência, atitudes de descaso, ou de violência psicológica. Não há o conflito físico, mas tantos outros que destroem a pessoa em sua dignidade, por meio de palavras ofensivas, ainda que venham como “piadas” e brincadeiras. Ou por meio de atitudes de abandono e indiferença, chegando, em algumas situações, à negligência. E ainda, podemos apontar os casos que nos parecem de excesso de cuidados que não permitem à pessoa, principalmente crianças, adolescentes e jovens, amadurecerem, aprenderem com seus erros e acertos. Uma superproteção que, muitas vezes, acaba “criando” pequenos “monstros”, “ditadores”, pessoas autoritárias, centralizadas em si mesmas, que não conseguem respeitar o tempo e a possibilidade dos outros.

O apóstolo Paulo, na carta aos Efésios, capítulo 4, oferece muitas e valiosas pistas para a convivência comunitária e familiar. Ele fala do endurecimento de corações e da falta de sensibilidade que leva às imoralidades e pede para que não se viva na mentira, que se procure a reconciliação antes do chegar da noite, ou seja, antes de se fechar o dia do ressentimento; indica o caminho da “boa palavra”, para que nenhuma palavra inconveniente saia da boca do cristão. Continua pedindo que nos afastemos da raiva, da gritaria, dos insultos e de todo o tipo de maldade.

A família cristã é chamada a viver o perdão e a reconciliação, a construção de valores de respeito e promoção da dignidade humana, capaz de dialogar diante dos conflitos e viver a solidariedade, ao invés de se entregar às amarguras, raivas e desrespeitos mútuos.

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