A família como agente de mudanças | Paulus Editora

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Família

20/07/2015

A família como agente de mudanças

Por Suzana Coutinho

Vivemos tempos difíceis. A mídia expõe crueldades diárias, crises, guerras, sofrimentos sem fim. Há os que preferem não saber para não sofrer. Há os que se entregam ao fatalismo, acreditando que nada pode ser diferente. Há os que aproveitam das dores alheias para fazer “palanque” e conseguir apoio a projetos ainda mais contra a vida. Aproveitam da insegurança da maioria para desconstruírem projetos de esperança porque estes pedem mudanças profundas em nossas sociedades.

Fica mesmo difícil ver o dinamismo do bem atuando em nosso cotidiano, com os discursos formados por palavras e imagens que apregoam uma cultura de morte. Nossas famílias estão no centro desse furacão e muitas se perguntam: “para onde iremos?”

A resposta está no Evangelho de João (6, 66-69). Jesus coloca seus discípulos em situação de confirmação da fé: ou o seguem até às últimas consequências ou desistem e vão embora. A resposta de Pedro deveria ser também a de nossas famílias: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.

Uma família de discípulos missionários de Jesus aprende a ser sinal de esperança num mundo em que muitos se sentem desesperançados.

Não está aí para promover a injustiça ou a violência, mas para ser promotora da paz.

O papa Francisco encontrou-se com representantes dos movimentos populares (Bolívia, 9/7/2015). Em seu discurso, enfatizou a necessidade de mudanças, diante das “graves situações de injustiça que padecem os excluídos em todo o mundo”. Lembrou que “Deus escuta o clamor de seu povo” e explicou que, “por trás de tanto sofrimento, tanta morte e destruição, sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia […] chamava ‘o esterco do diabo’: reina a ambição desenfreada de dinheiro”.

A família cristã é convidada, a partir das palavras de Francisco, a “realizar o mandamento do amor, não a partir de ideias ou conceitos, mas a partir do genuíno encontro entre pessoas”.

É preciso instaurar a cultura do encontro, “porque não se amam os conceitos nem as ideias; amam-se as pessoas”. Reivindicar, organizar e promover alternativas à exclusão são tarefas para homens e mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos, pobres e não tão pobres assim, para que nos tornemos “semeadores de mudança”. Reafirmemos com o papa: “nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma veneranda velhice”.

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