77. Segunda Carta de João | Paulus Editora

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09/07/2025

77. Segunda Carta de João

Por Nilo Luza

Como vimos na Primeira Carta de João, as três Cartas Joaninas foram escritas provavelmente pelo mesmo autor ou autores e nos inícios do segundo século da era cristã, talvez em Éfeso. A segunda e a terceira Carta de João são pequenos bilhetes. As duas possuem apenas um capítulo. A segunda com 13 versículos e a terceira com 15.

Na Segunda Carta de João, o autor se apresenta como o “Ancião” (presbítero), que pode significar a idade da pessoa ou o mais provável é que seja uma liderança importante da comunidade. Os destinatários são a “Senhora Eleita e seus Filhos”, podem representar os membros da comunidade à qual a Carta é dirigida ou uma família, que acolhe uma “comunidade doméstica”, isto é, tendo uma família como centro de acolhida. Hoje diríamos uma “igreja doméstica”. Em síntese, a Carta contém as mesmas ideias da primeira Carta Joanina, também no léxico e no estilo.

A maior preocupação do autor é a divisão da comunidade. Alguns membros da comunidade não aceitam a encarnação de Cristo em Jesus de Nazaré, isto é, que o Filho de Deus tenha assumido de fato a condição humana. O autor alerta para não manter contato com tais pessoas. Convida a comunidade a se manter firme na vivência do mandamento do amor fraterno. A expressão principal da Segunda Carta de João é a “verdade”, que se refere à verdade revelada da Sagrada Escritura.

Podemos esboçar a Carta da seguinte forma:

Saudação (2Jo 1-3): O autor (Ancião) saúda e ama os destinatários (Senhora Eleita e seus Filhos). A saudação gira em torno dos temas do amor e da verdade. A verdade é a revelação de Deus comunicada por Jesus Cristo e é o que garante o caminho da comunidade.

2. Corpo da carta (2Jo 4-11): O centro da Carta contém dois ensinamentos. Primeiro (4-6): é um apelo à vivência do amor fraterno, que é o centro da vida cristã. O autor convida a caminhar no amor. Apesar dos desafios, a comunidade não abandonou a prática do novo mandamento deixado por Jesus. É um apelo à coerência entre doutrina e vida. Segundo (7-11): aqui está o motivo principal da Carta. É um alerta para evitar os “falsos mestres”, são os anticristos que procuram desviar os membros da comunidade. São pessoas que negam que Jesus seja verdadeiro homem e que a prática dele revela o agir de Deus. É uma denúncia contra os falsos mestres que perturbam a comunidade. O autor reafirma com insistência a necessidade de permanecer fiel à tradição apostólica. A hospitalidade para os missionários itinerantes era importante para as comunidades joaninas, mas o autor aconselha a comunidade a não receber os pregadores dissidentes.

3. Conclusão (2Jo 12-13): A conclusão mostra o contato entre o autor e a comunidade. Nesse envolvimento entre os dois está a verdadeira alegria. A conclusão invoca a presença dos cristãos que estão em comunhão com o ancião. Ele não fala por conta própria, mas como representante de uma comunidade.

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