No último dia 21 de abril, o papa Francisco fez a sua Páscoa. A Igreja se une na saudade do Santo Padre que conduziu a Igreja Católica pelos últimos 12 anos e que nos deixa muitos legados.
Se há 20 anos tivéssemos lido a notícia da nomeação de uma mulher para cargos de liderança no Vaticano, certamente teríamos dificuldade em acreditar. No entanto, com Francisco, isso não apenas se tornou realidade, como virou manchete nos principais jornais do mundo. Graças ao seu estilo de pontificado, a estranheza diante de tais anúncios parece ter sido bem mais sutil — o que, no entanto, não diminui a grandiosidade desses acontecimentos.
Em 2021, foi Francisco quem nomeou, pela primeira vez, uma mulher para atuar como secretária no Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral: a religiosa italiana Alessandra Smerilli.
Mas ele não parou por aí. Em janeiro deste ano, uma mulher foi designada, também de forma inédita, para liderar o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica do Vaticano. A escolhida foi a religiosa Simona Brambilla, contemplada com a mais alta confiança — e generosidade — do papa.
Já em 1º de março de 2025, a religiosa franciscana Raffaella Petrini assumiu o cargo de presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e do Governatorato.
Essas nomeações não apenas evidenciam a preocupação de Francisco em incluir as mulheres na governança da Igreja de Roma, como também refletem um posicionamento claro: o papa reconhecia e valorizava profundamente cada uma delas.
Durante a Audiência Geral de 8 de março de 2023, Francisco manifestou sua gratidão a todas as mulheres, dirigindo-lhes uma mensagem especial, diretamente da Praça de São Pedro:
“No Dia Internacional da Mulher, penso em todas as mulheres: agradeço-lhes por seu compromisso em construir uma sociedade mais humana, por meio da sua capacidade de compreender a realidade com um olhar criativo e um coração terno. Esse é um privilégio exclusivo das mulheres! Uma bênção especial para todas as mulheres da Praça. E uma salva de palmas às mulheres! Elas merecem!”.
Já em suas últimas aparições, durante reunião com representantes do Hospital Gemelli, o papa expressou sua admiração pela liderança feminina e gratidão pelo cuidado recebido durante a internação: “Quando as mulheres comandam, as coisas vão bem”
De fato, Francisco tinha o dom de nos inspirar a sonhar com um mundo melhor através de suas palavras — muitas delas, inclusive, foram eternizadas na obra Vamos Sonhar Juntos – O Caminho para um Futuro Melhor, na qual ele nos convida a descobrir possibilidades inesperadas, especialmente a partir da experiência da pandemia de Covid-19.
Nesse contexto, o Santo Padre reconheceu as muitas dificuldades e injustiças enfrentadas, mas também exaltou a resiliência, a generosidade e a criatividade de tantas pessoas.
Francisco não governou apenas para as mulheres — nem para grupos específicos. Mas, por meio de suas palavras e atitudes, demonstrou o desejo sincero de tê-las ao seu lado. Com isso, nos fez compreender que o mundo é plural, é diverso, e que devemos escutar cada voz que faz com que a Palavra de Deus ecoe mais forte no mundo.