SER IRMÃO É FESTEJAR O PERDÃO
Apenas em Lucas, o Evangelho da misericórdia, encontramos a parábola do pai bondoso e seus dois filhos. Foi contada por Jesus como resposta aos doutores da Lei e fariseus, que se consideravam justos e o criticavam por conviver com pecadores.
O pai da parábola é o próprio Deus, Pai bondoso que deixa os filhos livres para fazer as próprias escolhas, nunca condicionando seu amor aos erros ou acertos deles. É amor incondicional, pois o Pai está sempre de braços abertos para acolher o filho que retorna e restituir-lhe a dignidade perdida.
Em cada um de nós há um pouco do irmão mais novo e outro tanto do irmão mais velho.
O mais novo é aventureiro, gasta tudo numa vida sem princípios ou responsabilidades. Acaba reduzido a nada e, assim, inicia um processo de conversão, ao tomar consciência de que os porcos estavam em melhor situação. No fundo da miséria, ele se recorda do pai e como que redescobre a bondade dele. O filho mais novo nos faz pensar em nossos erros e na conver-
são a que somos chamados a cada dia.
O filho mais velho, por sua vez, é o “justo” da história. Obedece esperando receber recompensa. É o filho obediente e responsável que, porém, ainda não conhece a essência do pai, porque talvez nunca tenha se sentido necessitado de seu perdão, “perfeito” como se considerava. O que ele quer é um pai justo, mas não necessariamente um pai que perdoa. O filho mais velho nos faz reconhecer em nós a atitude de nos considerarmos justos e apontarmos os erros dos outros.
A justiça do Pai, no entanto, passa pelo perdão, pois ele deseja a fraternidade que se alicerça tanto na responsabilidade quanto na misericórdia. E no amor fraterno não há lugar para inveja e competição. O desafio é olhar os que erram com o olhar misericordioso do Pai. Pois quem é justo o suficiente e ama o suficiente?
Vale notar que a parábola contada por Jesus fica aberta, como que sem fim. O filho mais velho vai entrar para a festa do retorno do irmão? Seremos nós a dar um desfecho à história, com nossas atitudes. A festa da fraternidade depende de nós e terá sempre o tamanho do nosso perdão.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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