MÃOS À OBRA!
O ditado popular “santo de casa não faz milagre” é uma boa versão da frase de Jesus: “Um profeta é desprezado só em sua pátria, entre seus parentes e em sua casa”.
Os habitantes de Nazaré, conhecendo Jesus e sua família de sangue, bem sabiam que ele era um simples carpinteiro, não especializado na Lei de Deus. Como é, então, que ele falava com autoridade e sabedoria? E como é que realizava tantos milagres, com aquelas mesmas mãos que trabalhavam a madeira?
Basta ler Eclo 38,24-39,35 para entender a mentalidade daquela época, segundo a qual os artesãos não podiam ser sábios, pois com seu trabalho manual não tinham tempo para meditar e refletir sobre a Lei de Deus, como faziam os escribas.
Segundo esse modo de pensar, a sabedoria é o conhecimento intelectual da Lei de Deus, e este conhecimento é propriedade dos especialistas, não da gente simples. Daí a resistência dos nazarenos a Jesus, ao seu ensinamento e à sua missão. Mesmo diante dos milagres, eles não acreditam, mas se escandalizam, ou seja, veem Jesus e sua ação como um obstáculo ou uma pedra de tropeço para sua fé.
E, de fato, a questão é a fé, ou a falta de fé. Jesus só pôde realizar ali algumas curas, porque aquela gente não tinha fé. Ter fé não é ter clareza absoluta a respeito de Jesus e sua missão. Ter fé é estar aberto à ação de Deus, acreditar que podemos romper preconceitos, mudar de mentalidade, ver além das aparências e passar da resistência à aceitação e à ação.
Jesus, Deus que se encarna em nosso meio, assume a condição dos menores da sociedade. Suas mãos, que esculpiam a madeira, curavam os doentes. Sua sabedoria era divina, pois manifestava ao mundo o rosto bondoso de Deus. Um convite a todos nós para irmos além, com o olhar da fé. A sabedoria nunca é adquirida em banco de escola: é dom de Deus para anos de suor na fronte, para vidas que se desgastam pelos outros, por amor.
Em sua sabedoria, o Mestre pôs mãos à obra e deixou um grande e belo trabalho para todos nós, chamados a colaborar na obra de Deus.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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