Lembro que, quando adolescente, havia um senhor que nos chamava de “meu santo”. Aquilo nos incomodava. O incômodo talvez fosse porque “ser santo” nos parecia algo inalcançável. Outro dia, também, uma senhora conversou comigo sobre “essa pretensão de querer ser santo”. Ela dizia da dificuldade de conceber a ideia de atingir algo tão alto. Considerei seu argumento e tentei apresentar exemplos de santos de “carne e osso”, como são todos os santos canonizados pela Igreja e aqueles anônimos, da “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, que ninguém podia contar” (Ap 7,9).
Em Jesus, a santidade é possível. Todos os que o seguem estão destinados à felicidade, isto é, à participação no banquete eterno. A imagem do banquete expressa justamente a alegria plena da festa. Ser santo é se deixar contagiar pela alegria de ser amado por Deus.
Os santos de todos os tempos e lugares foram pessoas felizes, e sua felicidade consistia em se alegrar com a alegria dos outros. Às vezes, a iconografia nos apresenta imagens de santos extáticos, com olhares lânguidos e mãos postas. No entanto, os santos e santas foram pessoas movidas pela coragem, capazes de contestar os esquemas cruéis que roubam a alegria da vida.
Quando Jesus declara “bem-aventurados”, ele quer dizer: “Coragem, levantem, caminhem para a frente”. Não somente ordena, mas nos pega pela mão e nos ergue. Quer nos ensinar a tomar consciência de nossa pertença ao banquete do céu. Por isso, ninguém tem o direito de nos impedir de levantar e caminhar rumo ao querer de Deus. Se muitos de nossos irmãos se encontram encurvados, oprimidos e desanimados, é nosso dever animá-los a seguir.
Os “bem-aventurados” constituem um mundo de santos, aqueles que não compactuam com a dominação de uns sobre os outros; que não dão espaço à exploração, à violência, tampouco à “morte matada”.
Que aumente em nós, sempre mais, o desejo de santidade, para que realizemos neste mundo a vontade de Deus!
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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