ARRISCAR PELO REINO
A parábola dos talentos nos faz pensar no tempo presente, que vivemos como servos à espera da volta do Senhor. Este “longo tempo” é o tempo que temos para fazer frutificar o que Deus nos confia. Ele respeita a capacidade de cada um, mas a ninguém deixa de confiar seus bens.
A parábola é simbólica, e quando Jesus fala de multiplicar os bens do patrão, não está pedindo que os discípulos busquem multiplicar riquezas, na lógica segundo a qual aos ricos será dado sempre mais, enquanto dos pobres será tirado até o que não têm. O que Deus nos confia não é dinheiro para ser multiplicado. Confia-nos a missão de amar e construir fraternidade, assumindo riscos e sofrimentos.
Ao confiar-nos sua mesma missão, portanto, o Senhor não quer receber simplesmente o que nos entregou. Ele espera de nós a coragem de arriscar. Espera que sejamos discípulos responsáveis, que fazem frutificar em favor dos outros os dons recebidos.
No tempo de Jesus, era forte a imagem de um Deus que recompensa segundo as ações de cada um, castigando os malvados e premiando os bons. Jesus vem criticar essa imagem de Deus. Vem mostrar que Deus ama a todos igualmente, aproximando-se então sobretudo dos que a religião afastava como malditos.
O terceiro servo, medroso, representa os que ficam na imagem do Deus juiz severo que castiga. Enterrando os dons, não entra na dinâmica do crescimento do Reino, não colabora com a missão de Jesus. Sem abrir-se ao Deus misericordioso de Jesus, desperdiça o amor que se doa. Quer devolver a Deus apenas o amor recebido. Mas na lógica do Reino não existe amor senão na doação. Pois o amor só frutifica quando é doado aos outros.
Todos temos a esperança de participar da alegria plena de Deus, na eternidade. É agora o tempo para nos abrirmos ao seu amor e fazê-lo frutificar. É agora o tempo para nos abrirmos ao Deus de Jesus, o Deus que arrisca, sofre e se entrega até o fim, para que possamos dar sentido à nossa vida fazendo o mesmo. Neste primeiro Dia Mundial dos Pobres, como nos convida o papa Francisco, abramo-nos “a um verdadeiro encontro com os pobres” e demos lugar “à partilha que se torne estilo de vida”.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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