Quem de nós já não sentiu medo? Difícil de definir, o medo nos persegue e muitas vezes se aninha dentro de nós. Basta, por exemplo, puxar o assunto do coronavírus, que surgem narrações de fatos desagradáveis ou tristes. A pandemia tem sido o terror de nossos dias.
A Igreja recém-iniciada por Jesus enfrentava reais dificuldades, entre as quais as perseguições. Além disso, parecia que o Ressuscitado estava silencioso, inativo. Então, a comunidade de Marcos buscou forças num episódio ocorrido com Jesus e seus discípulos. Estavam atravessando o lago num pequeno barco, quando forte ventania os envolveu, apavorando a todos, menos a Jesus, que dormia. Despertaram a Jesus e, em forma de censura, disseram-lhe: “Mestre, não te importas que morramos?” Naturalmente a passagem bíblica vem repleta de simbolismo. O mar, com suas águas impetuosas, evoca forças misteriosas, incontroláveis. A barca com os discípulos representa a Igreja e os cristãos. Os contratempos da viagem indicam os problemas da missão, incluídos os inimigos do Reino. Quando é que cessa o perigo? Tudo se acalmou quando Jesus “ameaçou o vento e o mar”: “Silêncio! Quieto!”.
Não basta saber que Jesus é Deus e tem poder. Além de reconhecer nossos limites, temos de invocar o nome do Senhor e pedir-lhe socorro, com a certeza de que ele pode transformar a situação. A esse movimento de recorrer ao divino Mestre chamamos fé. Foi o que faltou aos apóstolos no meio do vendaval. A fé é um processo que envolve todo o nosso ser: tempo, inteligência, vontade, abertura. Conhecemos nossas fraquezas. Somos carentes de saúde; não somos donos do nosso presente nem do nosso futuro. Dependemos do Senhor, que nos criou, fez de nós seus filhos e filhas na ordem da graça e vem em nosso socorro, se lhe pedirmos ou abrirmos espaço para que entre e atue em nossa vida.
Com fé viva, alicerçada na sincera confiança em Deus, nós nos sentiremos protegidos e iluminados por ele. Então nossas decisões serão mais acertadas, os passos mais firmes, a caminhada mais leve e o coração mais pacificado. Com o exercício diário da fé, aumenta em nós a certeza de que Deus não falha nem nos engana: “Confiem a Deus toda a sua preocupação, pois é ele quem cuida de vocês” (1Pd 5,7).
Pe. Luiz Miguel Duarte
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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