À luz do Evangelho de hoje, consideremos três aspectos da missão dos apóstolos.
Primeiro: Jesus estabelece relação pessoal com cada um dos escolhidos. Chama-o pelo nome, olha nos olhos dele com afeição. Não faz um exame rigoroso sobre seu passado. Acolhe-o simplesmente como é, com as condições que tem, e o inclui no grupo dos apóstolos. O Mestre o convida porque enxerga nele potencialidades para ser seu discípulo; porque percebe sua disposição para deixar seu pequeno mundo e ultrapassar fronteiras geográficas e culturais. Jesus então lhe confia o compromisso de partir desapegado dos bens materiais a fim de transformar as relações sociais, tornando-as mais fraternas e solidárias.
Segundo: aos apóstolos Jesus dá poder sobre os espíritos impuros. Quem são eles? Os espíritos imundos, ou demônios, representam o mal nas suas várias formas e manifestações. Atuam nos maus; nas pessoas que apoiam a injustiça, a violência, a exploração, a opressão dos pequenos e pobres; nos que rejeitam o Reino dos céus e fazem prevalecer o reinado deste mundo. Jesus dá autoridade aos apóstolos para libertar as pessoas dessas forças malignas; para livrá-las de tudo o que as impede de se realizarem como seres humanos. E os apóstolos levam a sério o mandato de Jesus, tanto que a passagem do Evangelho termina dizendo que “eles expulsavam muitos demônios”. Então, satisfeitos pelo sucesso da missão, como em outra ocasião, podiam exclamar: “Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome” (Lc 10,17).
Terceiro: Jesus os envia dois a dois. Não sozinhos nem isolados. Missão é ação comunitária; não é empreendimento individual para defender os próprios interesses, mas obra coletiva para promover o sonho de Deus: vida digna para todos. Caminham juntos para darem credibilidade a suas palavras e ações. Para se ajudarem nas dificuldades. Para sentirem a presença dinâmica do Senhor e se unirem na oração pela eficácia da própria missão: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20).
O Reino de Deus ainda está em fase de construção, e o Senhor continua necessitando de “mão de obra” generosa. Evangelizar é vocação de todo o povo de Deus. Qual tem sido nossa contribuição nessa urgente tarefa?
Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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