DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER
O evangelho deste domingo vem logo após a morte de João Batista. Herodes celebra seu aniversário, oferecendo grande banquete aos seus magnatas. Nesse banquete é decretada a morte de João. É o banquete da morte dos profetas dos pobres e das esperanças do povo. Jesus, no texto deste domingo, propõe o banquete da vida, onde os pobres e famintos são saciados.
Jesus sai do ambiente de morte e se dirige ao deserto, seguido pela multidão. O deserto recorda o êxodo e a proposta libertadora de Moisés. Desse ambiente, Jesus inaugura um mundo novo, o projeto de vida para o povo. O Mestre teve compaixão da multidão e conclama a todos para construir o projeto alternativo: uma sociedade sem fome e sem miséria.
Os discípulos tentaram tirar o corpo fora, pensando não ser problema deles. Jesus os convoca a não fugir do compromisso. Assim também hoje, muitos pensam que os problemas da humanidade não devem preocupar a Igreja envolvida com as “coisas do espírito”. Ela também deve estar empenhada na solução dos problemas do povo e comprometer-se com os projetos que promovem a dignidade da pessoa. Cada cristão é responsável pela fome do outro: fome de pão, de amor, de justiça, de carinho, de compreensão, de escuta… O cristão não é aquele que despede, mas o que acolhe. Virando as costas aos famintos, o cristão perde sua identidade cristã.
A solução proposta pelos discípulos é cômoda demais e sem compromisso. Eles seguem a lógica do mercado: comprar. Provavelmente poucos tinham condições de comprar. A proposta de Jesus é outra: “dai-lhes vós mesmos de comer”. A solução, portanto, não está em projetos milagrosos e mirabolantes, mas na partilha do “pouco”: cinco pães e dois peixes, somando sete – símbolo de plenitude e totalidade.
Após a organização do povo, Jesus pronuncia a bênção, como qualquer pai israelita antes das refeições em família. Depois distribuiu os pães e os peixes. Aí acontece o milagre: quando há a partilha. Se milhões de pessoas passam fome no mundo é porque a humanidade ainda não aprendeu a partilhar, a distribuir o que ela própria produz. Não podemos comer tranquilamente “nosso pão e nosso peixe” se ao nosso lado há pessoas passando fome.
Pe. Nilo Luza, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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