VIVER COMO PERDOADOS E RECONCILIADOS
Aquele que se manifesta aos apóstolos é, de fato, o Senhor, a quem eles vinham seguindo há três anos. Mas Jesus está transfigurado pela ressurreição. Diante dessa visão, o medo dos apóstolos desaparece. O evangelista nos diz que eles ficaram tomados de alegria. É essa mesma alegria que nos contagia ao longo deste tempo da Páscoa.
Detenhamo-nos no caso de Tomé, o “retardatário”. Ele não se sente obrigado a acreditar no que não viu. Em resposta a essa sua atitude, Jesus aparece novamente e convida o apóstolo a se aproximar e tocar-lhe as feridas. Nesse momento, aquele cuja atitude parecia tão censurável acaba indo ainda mais longe que seus amigos, sendo o primeiro a dirigir-se a Jesus como “meu Senhor e meu Deus”. O encontro com Jesus e com sua Palavra provoca a profissão de fé daquele que antes era incrédulo.
Nós também, como esse discípulo, muitas vezes esperamos por provas, mas o Senhor nunca deixa de nos lembrar estas palavras: “Bem-aventurados os que creem sem ter visto”. Portanto, se nos identificamos de alguma forma com o apóstolo Tomé, levemos essa identificação até o fim e deixemos que sua aventura seja a nossa.
Com o Ressuscitado presente no meio de nós pela Palavra celebrada, nada mais poderá ser igual. Lucas nos lembra disso na primeira leitura: “A multidão dos que haviam chegado à fé era um só coração e uma só alma”. A Boa notícia da ressurreição de Jesus nos impulsiona à união entre nós e com todos, tornando confiável nosso testemunho por meio da partilha, sobretudo com os mais necessitados.
Tudo mudou. Recordemos: alguns dias antes, Judas havia traído Jesus, e Pedro o havia negado. Todos o abandonaram. Agora, com os discípulos escondidos e fechados, por medo daqueles que condenaram seu Mestre, nesse momento é que Jesus ressuscitado vem até eles. Ele poderia tê-los repreendido, mas é a paz que lhes traz. Essa paz é o perdão, a reconciliação. Estamos mais do que nunca no âmbito da misericórdia de Jesus. Assim, podemos também nós viver como pessoas reconciliadas e perdoadas.
Esta é uma Boa Notícia muito importante: quando nos afastamos do Senhor, ele está sempre presente, nunca deixa de vir até nós para nos trazer sua paz. Peçamos-lhe, pois, que nos torne mais disponíveis para o poder da fé; que esteja sempre conosco, para que sejamos mais corajosos em nosso testemunho; que nos faça mais generosos na prática da caridade fraterna.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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