A maioria da humanidade está fora da internet | Paulus Editora

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Comunicação

06/03/2015

A maioria da humanidade está fora da internet

Por Jakson F. de Alencar

As pessoas estão atualmente acostumadas com a ideia difusa de que todo o mundo está conectado e acessível pela Internet. Por todos os lugares vemos falas e teorias a esse respeito, como se nada mais existisse fora da Internet e das novas tecnologias de comunicação.

Mas a conexão continua sendo de uma parcela da população mundial apenas, cerca de um terço das pessoas.

                Os dados divulgados pelo ITU (União internacional de telecomunicação, na sigla em inglês) em novembro de 2014, mostram que dos cerca de 6 bilhões de habitantes do mundo, mais de 4 bilhões não são usuários de internet. Dois terços, a maioria em países “em desenvolvimento”, ficam de fora. Na África, continente com menos usuários, apenas 19% tem acesso à rede. 78% do total de conexões pertencem a países desenvolvidos e 32% aos países “em desenvolvimento”. A Europa tem a maior amplitude de conexão, com 75%, seguida das Américas, com 65%; Comunidade dos Estados Independentes (CEI, que engloba 11 países da antiga União Soviética, inclusive a Rússia) com 56%; países árabes com 41%; Ásia e Pacífico com 32%. Os domínios de internet, em dados do mesmo ITU, de 2013, são 80,5% de países desenvolvidos; 18,4% de países “em desenvolvimento” e 1,1% de outros/desconhecidos. A África tem 0,9% dos domínios; a Ásia, 15%; Américas, 40,4%; Europa, 40%; Oceania, 2,6%. Desproporcionalmente, os países menos conectados são onde se encontra a maior densidade populacional.

Mesmo com relação a meios de comunicação mais tradicionais, a desproporção é grande entre os países, os EUA tem 805 televisores por mil habitantes; a França 589; a Argélia, 89 e as Filipinas 49. A Suécia tem 681 telefones por mil habitantes; os EUA 626, enquanto vários países não chegam a 10 linhas por mil habitantes.

As maravilhas da ciência e da tecnologia não necessariamente se traduzem em redução ou eliminação das desigualdades, como, às vezes se imagina.

Pelo contrário, as disparidades que existem quanto ao uso da informática entre os países tende a aumentar as enormes desigualdades econômicas já existentes. É enganoso achar que bastam as tecnologias para criar comunicação, comunhão, inter-compreensão, conexão e solidariedade entre as pessoas. Esse modelo está longe de criar uma autêntica sociedade da informação ou uma “sinergia mundial”, como imaginam algumas utopias.

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