AS PRÁTICAS QUE NOS SANTIFICAM
No capítulo 6 de Mateus, no contexto do sermão da montanha, há menção a três práticas – esmola, oração e jejum – que muitos povos consideravam importantes. Jesus não as rejeita, mas lhes dá novo significado: como assumir tais práticas para que tenham sua validade diante de Deus e não se tornem apenas exibicionismo? Não são apenas “práticas piedosas”; antes de tudo, são um “jeito de praticar a justiça” – como diz o próprio evangelista. Cada uma contém um comportamento a ser evitado, uma atitude apropriada e uma recompensa de Deus.
A esmola expressa o compromisso com a vida do próximo necessitado. A prática da caridade para com os pobres, os indefesos e os doentes era e é levada muito a sério pelas pessoas religiosas. Encontramos essa boa ação também entre pessoas “não religiosas”. Para que o gesto de dar esmola tenha validade a quem o pratica, não pode ser feito com intenção exibicionista, pois é ato de misericórdia (coração voltado para o pobre).
A oração verdadeira procura coadunar a vontade do fiel com a vontade de Deus. Ela é falsa quando feita para manipular a Deus ou quando se torna espetáculo público do próprio orante. A oração feita para obter o aplauso humano não tem valor algum; nem oração é. Os seguidores de Jesus são orientados a evitar fazer exibição pública de si mesmos na oração. Deus conhece nossas necessidades e não será o longo palavreado do pregador – entrecortado com palmas da plateia – que moverá a vontade dele.
O jejum consiste em oferecer a si mesmo a possibilidade de optar pela privação de algo. Quando pensamos em jejum, logo nos vem à mente o “jejum alimentar” – válido também para uma boa saúde. Mas o jejum vai muito além disso. Ele ajuda a fortalecer nossa moderação no trato com os bens, para que sejam partilhados em favor de todos. Numa sociedade de consumismo exacerbado, o jejum é mais atual do que nunca, pois pode frear nossa sede de acúmulo.
A Quaresma é tempo favorável para que cada um de nós descubra novo significado nas práticas
da esmola, da oração e do jejum!
Pe. Nilo Luza, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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