Parece-nos outra data comercial, agora em junho: o dia dos namorados. Celebrado na véspera de Santo Antônio – padroeiro dos que querem se casar, o santo casamenteiro, como se diz na religiosidade popular -, torna-se nosso tema de reflexão sobre a família.
O primeiro ponto é que a família começa ali, no namoro. O segundo é que a família também se vê entre dúvidas sobre como orientar seus filhos em relação a essa fase da vida.
E os dois pontos se entrelaçam, se completam. Duas boas conversas para esta coluna.
Interessante observar como os adolescentes, jovens e até adultos vivem um grande dilema sobre o namoro: de um lado, a ânsia por “ter alguém”, pela partilha de momentos românticos, por se sentir acompanhado. De outro, uma cultura que desvaloriza os laços, os compromissos e prega a “curtição”, a busca pelo prazer físico dissociado de ternura e de afeto.
Quando se olha o outro como propriedade, objeto ou coisa, dificilmente se construirá uma relação fundamentada no amor.
Durante o tempo do namoro, há caminhos a escolher: um deles pode ajudar a preparar os jovens para a vida familiar, para a partilha da “alegria e tristeza”, no tempo da “saúde e da doença”, que busca a fidelidade como princípio de respeito a si mesmo e ao outro “até que a morte os separe”.
No entanto, é bom lembrar que sem amor tudo morre: o respeito, o companheirismo, a paciência, a partilha, a fé, a esperança.
De outro lado, manter esses princípios ajuda a manter vivo o amor. Educar para o namoro não seria, então, um exercício de fazer concreto o amor?
O belíssimo texto de são Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 13, faz um retrato do amor: paciente, prestativo, que não é invejoso, que não se ostenta, nem é orgulhoso; não é inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita e não guarda rancor. Eis uma bela proposta de vida para as famílias e de caminho para a educação de nossos adolescentes e jovens, sobre como viver o namoro. Se der certo, teremos casais mais preparados para “viver o amor” e, assim, celebrá-lo com a alegria de quem encontrou um tesouro (Cf. Mt 13,44). Se o namoro não se transformar em casamento, os dois terão construído, possivelmente, uma relação de respeito, carinho e amizade que os fortalecerá em dias tristes e sombrios, pois quem tem um amigo, tem um tesouro (Cf. Eclo 6,14).