O Natal é um tempo especial, vivido intensamente por quase todas as pessoas, mesmo os não católicos. Há sempre uma grande movimentação, seja nas casas, seja no comércio ou nas ruas. Todos querem manifestar aquilo que sentem e a alegria que cresce em cada coração, por isso enfeitam o seu espaço com muitas luzes, fitas, cores e o tradicional presépio. São símbolos bastante expressivos, que merecem uma reflexão.

Dos evangelhos de Lucas e de Mateus temos a narração de como foi o nascimento de Jesus, em Belém, numa manjedoura e cercado de animais e pastores. Um nascimento simples, humilde, sereno. Um nascimento que mostra onde encontramos o rosto humano de Deus.

Desde o século III, data das primeiras peregrinações a Belém, já há sinais da celebração solene do Natal. No século IV, começaram a surgir as primeiras representações, com pinturas, relevos e afrescos, provavelmente a pedido de Santa Helena, mãe do imperador Constantino. Porém foi apenas no século XIII que surgiu o primeiro presépio representando os personagens bíblicos. Em 1223, numa gruta de Greccio, na Itália, São Francisco de Assis quis que as pessoas compreendessem melhor como foi o nascimento de Jesus e por isso montou a cena bíblica, com Jesus, Maria, José, os pastores, os reis e os animais. Não tardou para que isso virasse tradição, como podemos constatar hoje pelo mundo afora.

Em muitos lugares, além da sagrada família, dos reis magos e dos pastores, é tradição incluir personagens locais à cena de Belém, tais como o padeiro, o ferreiro, a lavandeira, agricultores, estudantes e assim por diante. Esta é uma forma concreta e profunda de mostrar que todos nós estamos incluídos no nascimento de Jesus. Que a vida de todos nós é transformada com o Natal. Que não podemos ser indiferentes, que não podemos simplesmente contemplar, mas devemos participar, ser incluídos no presépio, exatamente do modo como somos. Mostra que unidos a Jesus todos somos iguais, temos o mesmo espaço. Todos fazemos parte desta família de Belém, pois somos todos irmãos em Cristo.

Que a cada Natal brote e se fortaleça esse sentimento de igualdade e fraternidade que alimenta muitas ações nobres e uma convivência tranquila e frutífera. Que o nosso presépio tenha espaço para muitas peças, incluindo todos os que amamos e fazem parte da nossa vida.

Feliz Natal!

Darlei Zanon é assessor editorial e autor da Paulus Editora. Jornalista, teólogo e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo Instituto Universitário de Lisboa-ISCTE, tem ampla experiência no campo editorial, desenvolvendo atividades no Brasil, em Portugal e na Itália.

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