27 de outubro – 30º DOMINGO COMUM | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
27 de outubro – 30º DOMINGO COMUM

A oração é essencial para a vida cristã. Nossa participação no reino de Deus, como povo santo em marcha para a plenitude do mundo que há de vir, pode ser avaliada à luz da nossa atitude orante; à luz, sobretudo, do próprio conteúdo da nossa oração. Rezar é, antes de qualquer coisa, responder ao apelo de comunhão e intimidade que o Pai, por seu Filho, Jesus, no Espírito Santo, quer estabelecer conosco. A oração aperfeiçoa nossa sintonia com Deus e nos impulsiona à união com os seres humanos, nossos irmãos. Dessa comunhão com Deus é que irradia nossa comunhão com nós mesmos e com o próximo.

Expressão das vivências humanas, a oração revela a “fisionomia interior”das relações da pessoa com o próximo e com Deus. Quando rezamos, manifestamos com quem e com que nos comunicamos e estamos comprometidos. Assim, rezar é mais do que a fórmula, a palavra, o tempo, o gesto. Cristo, fala-nos Lucas, teve clara intenção com esta parábola: advertir alguns que se vangloriavam por ser justos e desprezavam os outros. O farisaísmo é uma atitude de espírito: segregacionista, separatista, isolacionista. Tal atitude inspira-se na soberba, que profana a verdade e corrompe a caridade. É isso que cega o homem aparentemente repleto de honestidade. Ao deformar a vida de seu próximo por se julgar auto-suficiente e legalisticamente correto, o tipo farisaico rompe o diálogo com o reino de Deus, porque dele também não demonstra necessitar.

Não é por não ter realizado boas obras que o fariseu se torna reprovável na oração e na atitude. É que ele se gloria diante de Deus como se emanasse de sua própria virtude o bem que costumava fazer. Quando o ser humano tem a ousadia de desprezar a Deus, não encontra nenhuma dificuldade em esmagar, excluir e aprisionar o próximo com desdém e cinismo. É que não se pode amar a Deus sendo contra o próximo. Odeia-se o próximo também quando se julga os outros com desprezo: “Não sou como os demais, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos que aí está”.

A verdadeira pessoa de oração da parábola mostra-se consciente de suas faltas, assume um estado de humildade, de arrependimento e de confiança no amor misericordioso de Deus, Pai de todos nós.

Qual é o julgamento de Jesus? Por que fala ele em justificação? Será que a oração não é um chamado à conversão? A certeza é que nunca estaremos suficientemente convertidos para Deus, porque a ação de pormos toda a nossa vida a serviço dele exige esforço constante nos caminhos da humildade e do amor. Por isso, não há por que dizer que os outros são incrédulos, infiéis e indignos de ser acolhidos pelo Pai. Não se trata de sermos melhores que os outros ou de os outros serem melhores do que nós, mas sim de sabermos acolher a nós próprios e aos outros como realmente cada um é.

Jorge Alves Luiz, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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