A RESSURREIÇÃO E A VIDA
A ressurreição de Lázaro é o sétimo e último dos sinais de Jesus no Evangelho segundo João. Os sinais querem indicar uma realidade mais profunda, e também aqui, na ressurreição do amigo Lázaro, Jesus revela quem é Deus, mostrando o sentido de sua missão e as exigências feitas a seus seguidores e seguidoras.
No tempo de Jesus, as classes ricas, como os saduceus, geralmente não acreditavam na vida após a morte, mas a crença na ressurreição já estava bem difundida no meio do povo. Temos no Evangelho um cenário de morte, e não somente em relação a Lázaro. Jesus estava sob constante ameaça, com as lideranças judaicas querendo eliminá-lo. Quanto aos discípulos, ainda não haviam entendido o poder de Deus sobre a morte tal como indicado por Jesus, o qual disse que Lázaro apenas dormia para que se revelasse a glória divina. Imperavam, pois, a morte, a tristeza e o choro – com a ressurreição esperada apenas no final dos tempos, e não no presente da história. Era o quarto dia da morte, e, em vez de esperança, havia apenas resignação.
A morte de Lázaro, porém, devia servir para Jesus se revelar como a própria Ressurreição e a Vida. A resposta a essa revelação vem de Marta, uma mulher, a primeira pessoa no Evangelho segundo João a professar a fé em Jesus como o Messias enviado por Deus (nos outros Evangelhos, esse papel cabe a Pedro). E o encontro com Jesus, sempre transformador, leva Marta a procurar Maria. Maria chora, todos choram. Jesus se comove (por três vezes) e chora também. Seu choro é o choro de Deus com a ausência de vida. É Deus chorando com a humanidade que sofre e chora.
A ordem de Jesus para tirar a pedra do sepulcro desafia nossa fé: cremos ou não que podemos ver a glória de Deus na vida humana restaurada?
Remover a pedra é acreditar no poder infinito de vida que vem de Deus e está em Jesus. O Deus de Jesus é capaz de trazer de volta à vida, de desatar os panos que impedem o morto de sair do sepulcro e caminhar por conta própria. A fé na vida eterna passa, portanto, pelo nosso empenho nas ressurreições do dia a dia. Com a fé em Jesus – a Ressurreição e a Vida –, tantas pedras podem ser hoje removidas e tantas vidas restauradas. Essas pedras podem ter tantos nomes, como a resignação, a desesperança, o preconceito ou a falta de solidariedade. A ordem do Mestre continua a valer para nós: “Removam a pedra”.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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