O Domingo
15 de fevereiro: 6º Domingo do Tempo Comum

A COMPAIXÃO QUE CURA

Jesus se defronta com um homem cuja doença, à época designada como “lepra”, era símbolo máximo de exclusão social. O doente lhe pede a cura. Diante da marginalização provocada por leis injustas, Jesus toma posição em defesa da vida, relativizando o código do puro e do impuro estabelecido pela lei de Moisés.

O homem é corajoso e confiante, quebra as normas do isolamento e se aproxima de Jesus. Ele reconhece que Jesus tem o poder de reintegrá-lo ao convívio social mediante a cura. Jesus, movido de compaixão, toca o doente e este fica curado.

Ao tocá-lo, Jesus passa a ser também impuro aos olhos da sociedade e, portanto, torna-se mais um excluído que tem de viver fora, em lugares desertos. Mas muitos vão atrás dele, sem se importarem com sua “impureza”. 

Diante desse fato, somos convidados a olhar não tanto o “milagre” em si, mas para o que ele aponta. Com seu gesto, Jesus quer derrubar as barreiras levantadas pelos preconceitos, criados por certas leis ultrapassadas que ainda hoje provocam exclusões e perseguições. Jesus é contra todo tipo de exclusão, não importa a causa. Sua ação vem se opor à “política higienista” defendida por governantes e cidadãos que querem varrer mendigos e “impuros”, condenando-os ao ostracismo.

Deus não exclui, quem exclui são as leis e instituições; ele não marginaliza ninguém, é a sociedade que marginaliza as pessoas. É ela que ergue barreiras e exclui os indesejáveis, os “impuros”. A primeira preocupação deve ser com a pessoa que sofre. Quando pomos a lei diante de todo o resto, com facilidade perdemos a sensibilidade e vivemos sem compaixão e sem misericórdia. 

Hoje ainda há muitos que, por sua condição, sofrem preconceitos e exclusões: moradores de rua, prostitutas, drogados… Queremos distância dessas pessoas, evitamos nos manchar com a miséria alheia. Procuramos cortar todo contato com os sofredores, a fim de não nos tornar impuros. O gesto do papa Francisco, no ano passado, de abraçar e beijar um homem desfigurado por tumores fala mais do que qualquer discurso.

Pe. Nilo Luza, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

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