O Domingo
14 de setembro – EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

MEMÓRIA PERIGOSA DA CRUZ

Na festa da Exaltação da Santa Cruz, o Evangelho anuncia que “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho, para que não morra todo aquele que nele crer” (Jo 3,16). Jesus, no entanto, é presença incômoda, pois apresenta às pessoas o desafio de ter de decidir: agir, no amor, em favor da vida ou aderir aos esquemas e interesses de grupos dominantes.

Numa sociedade que estimula a com­petição, não se importando com os que vão ficando para trás, a cruz de Cristo tor­na-se memória perigosa. A cruz não foi fruto do acaso na vida de Jesus. Foi conse­quência do que anunciou e testemunhou.

Num tempo de retóricas agressivas e de dissonâncias cognitivas, potencia­lizadas pelas redes digitais, anunciar e testemunhar Jesus significa dispor-se a vivenciar a memória perigosa do per­curso empreendido por ele. Na presente cultura do esquecimento, requer cora­gem profética a quem se dispõe avivar a recordação do sofrimento de Jesus e das vítimas da humanidade. Não nos é permitido ignorar o sofrimento dos que sobrevivem à margem.

Há sempre o risco de dulcificar e até de justificar a cruz de Jesus. Com isso, abandonam-se as razões que a desen­cadearam em sua vida. Jesus foi solidá­rio “com os pequenos e os pobres, os doentes e os pecadores, e se fez próximos dos aflitos e oprimidos” (Oração Eucarís­tica para Diversas Circunstâncias IV); em consequência, houve prepotentes que se sentiram atingidos e arquitetaram a trama da cruz.

Num mundo marcado por tantas cru­zes, somos chamados a descobrir na cruz de Jesus a denúncia das atitudes de falta de solidariedade e de indiferença, para retirar da cruz os crucificados. Na festa litúrgica de hoje, fazemos memória da cruz e dos sofrimentos provocados pelas cruzes do mundo, mas também entre­vemos a força que brota da ressurreição. É dessa força que nos vem a luz e a ins­piração para prosseguir e experimentar no cotidiano a vitória do amor do Cruci­ficado-Ressuscitado. Afinal, só o amor faz agir assim!

Pe. Darci Luiz Marin, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

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