A salvação: dom gratuito de Deus
Com base na história do povo de Israel, a liturgia da Palavra nos oferece ensinamentos concretos sobre a necessidade de conversão e de abertura à misericórdia de Deus como caminho de salvação.
Alguns acontecimentos dramáticos apontam para a infidelidade de Israel à aliança com o Deus da vida. Contudo, Deus jamais abandonou o seu povo. Os apelos de conversão dos profetas são a expressão da compaixão divina. O povo, porém, frequentemente zombava dos mensageiros de Deus e recusava a palavra dos profetas (cf. 2Cr 36,15-16). A destruição do templo e a deportação de parte da população para a Babilônia assomaram-se como desfecho trágico e foram vistas, naquela época, como castigo. Trata-se de experiência que se repete ao longo da história, na vida dos povos, das comunidades e das famílias, sempre que há fechamento dos corações ao amor de Deus.
Quanto mais o ser humano se deixa dominar pelas paixões, tanto mais se fecha à palavra divina. A lógica das injustiças sufoca a voz da consciência, levando à rejeição dos mensageiros de Deus. Assim, o ser humano, mesmo percebendo a verdade, acaba por viver em desarmonia com Deus, consigo mesmo e com o próximo. O resultado disso são as divisões e o egoísmo, que destroem o sentido da vida em todos os níveis.
“A ira do Senhor”, de que fala a Escritura, não é castigo. Na realidade, é a manifestação da misericórdia de Deus sob a forma de apelo à conversão, a fim de levar a pessoa à mudança de vida.
Jesus Cristo é a manifestação plena do amor de Deus pela humanidade. Nele, Deus nos amou quando ainda éramos pecadores (cf. Ef 2,4-5). A entrega total de Cristo é dom gratuito que criatura alguma jamais poderia esperar nem merecer. O ser humano acolhe esse dom pela fé em Cristo, aderindo ao seu projeto de vida. É o que diz o evangelho de hoje: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17).
A extraordinária riqueza da graça e da bondade de Deus para conosco, em Cristo Jesus, diz quão grande é a responsabilidade de quem recusa o dom divino ou dele abusa com leviandade. Na realidade, o ser humano nunca fará demais para acolher o dom de Deus com gratidão e fé, com disposição para amar e servir.
Pe. Gilbert Mika Alemick, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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