O poder de Deus
A narrativa do Evangelho de Marcos trafega sobre dois eixos: o reino de Deus e o discipulado. Os discípulos convocados para o anúncio do reino são simples pescadores. Todos estão envolvidos na chegada do reino. Dos discípulos é exigida decisão radical. Seguir Jesus é ir “atrás dele”.
O trecho do evangelho de hoje (Mc 1,21-28) tem particular importância no conjunto da obra. A expulsão de um demônio sinaliza o primeiro confronto de Jesus, o Messias, com a força misteriosa do mal e sua primeira vitória sobre ele. Trata-se de um ensinamento à comunidade: Jesus é o verdadeiro mensageiro da alegria que vem de Deus. Ele tem autoridade. Dizer isso supõe que alguém promove esse poder. A autoridade dele procede do coração amoroso e misericordioso do Pai.
Jesus é o autorizado do Pai. Os escribas ensinam por conta própria. Jesus ensina porque o Pai o autorizou. Daí a diferença sentida pelo povo, que se admira com seu ensinamento. Jesus, portanto, é o portador autorizado do reino de Deus. Em sinal dessa autoridade, ele mostra que Deus está agindo em favor da humanidade sofredora. A expulsão do demônio é sinal de que o reino de Deus chegou. A força misteriosa desconhecida, o “espírito imundo”, não enquadra com o que Deus quer.
Com Jesus, as forças que não se dão bem com Deus se sentem ameaçadas. Ele é o ungido, o consagrado, o santo. O “espírito imundo”, porém, representa as forças do mal. Para a mentalidade da época, esse tipo de espírito aprisionava as pessoas. O afetado estava impossibilitado de cumprir a lei. Ou seja, estava perdido, infeliz, ausente de Deus. A expulsão daquele espírito logo no início do evangelho é o ponto de irrupção para a atividade missionária de Jesus. Ele vence as forças do mal. Ele vem de Deus e traz consigo a marca de Deus: o bem que torna o mundo a casa feliz de todos.
Jesus revela o absoluto de Deus no mundo. O mal não tem vez. Poderoso só há um: Deus. Jesus, o Messias, o Ungido, veio devolver à humanidade a vida em plenitude e a liberdade perdidas.
A comunidade cristã é chamada a fazer a experiência do encontro com a novidade que chegou: Jesus. Com ele, o reino de Deus instalou-se no mundo. As atitudes da comunidade precisam ser as mesmas de Jesus: não dar espaço ao que aprisiona e tira a alegria de viver.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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