5 de agosto: 18º Domingo do Tempo Comum | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
5 de agosto: 18º Domingo do Tempo Comum

O PÃO DE DEUS

No interior havia um homem que vendia pão. Era conhecido simplesmente como o Zé do Pão. Sua voz inconfundível ecoava todas as manhãs, quando o sol ainda nem tinha despontado e a passarada nas árvores, as galinhas no terreiro, o gado no curral faziam a festa, pela alegria do novo dia.

Zé do Pão, além do serviço que desempenhava, era quase como um relógio. As conversas das pessoas, referindo-se a algum ocorrido, geralmente diziam: “Foi na hora em que o Zé do Pão passou”; “Foi antes de o Zé do Pão passar”; “Foi depois do Zé do Pão”.

Além disso, havia algo discreto e curioso escrito logo abaixo do balaio de pão: “O ser humano não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4,4).

O Zé dependia totalmente da venda do pão para o seu sustento e o de sua família, que não era pequena. E, mesmo tendo o pão como única forma de sobrevivência, não fazia propaganda dele.

É bem esse o ensinamento que a liturgia de hoje nos propõe. Há um sentido na vida que supera a luta cotidiana para saciar tão somente o estômago. É claro que os bens da terra devem ser acessíveis a todos. E Jesus mostra ser isso possível. Daí a passagem do evangelho de hoje (João 6,24-35) ser justamente após a multiplicação dos pães e dos peixes. Se os bens fossem bem administrados e bem distribuídos, ninguém passaria fome no mundo. Essa é a primeira lição que Jesus ensina.

No entanto, as multidões procuram Jesus unicamente no afã quase desesperado de obter o alimento que perece. Não percebem nele o alimento que dura para a vida eterna. Outrora Deus saciou a fome do povo no deserto com o maná do céu. Jesus agora é o verdadeiro pão descido do céu, pão que sacia toda fome. Não só a fome do estômago, mas a que se manifesta no vazio próprio da condição humana, ainda tão fragilizada.

Risco grande atualmente é também confundir Jesus apenas com um milagreiro, ao qual podemos acorrer em nossas dificuldades. Há muitos discursos por aí, na chamada “teologia da retribuição”, que se utilizam de Jesus unicamente como um fazedor de milagres, um curandeiro, um mágico. O grande milagre Jesus já realizou: na Eucaristia ele é o pão que se parte, que se quebra por nós incondicionalmente, só por amor.

O exemplo do Zé do Pão ensina-nos a olhar o mundo com o olhar de fé e esperança em Deus, superando nossos egoísmos e cobiças e ouvindo sempre a palavra que sai da boca de Deus, que é Jesus mesmo presente no meio de nós.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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