29 de março: Ceia do Senhor | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
29 de março: Ceia do Senhor

REFEIÇÃO CHEIA DE SURPRESAS

Jesus nutria ardente desejo de realizar, com seus discípulos, essa importante refeição, a ceia derradeira. Suas horas estavam contadas. Em breve seria preso e sofreria os piores tormentos de sua vida. Tudo estava rigorosamente planejado pelos chefes do povo que levariam Jesus à morte de cruz. Só nos resta imaginar o sufoco no coração do Bom Pastor. Onde ajuntou forças para manter o autodomínio e a serenidade diante dos fatos horríveis que estavam para lhe ocorrer? Como não se agitar, sabendo que no meio do grupo se escondia o traidor? Somente uma pessoa de incomparável equilíbrio psicológico é capaz de enfrentar, com soberania, esses momentos tão angustiantes. Só quem está profundamente enraizado em Deus consegue recolher as condições para vivenciar, sem revoltas nem desespero, essa amarga passagem.

Jesus não tem tempo a perder. O momento é grave. Hora dos últimos acertos, das instruções finais e do testamento perpétuo. Hora da verdade. Revela, antes de tudo, quem é o traidor, um dos Doze. E, para surpresa de todos, põe-se a lavar os pés de cada apóstolo, reforçando, desse modo, o que sempre havia ensinado: que, no reino de Deus, o maior é o que serve a todos. Enfim, com gestos expressivos e palavras firmes, Jesus comunica que está voltando para o Pai celeste, mas quer permanecer conosco de modo sensível, sacramental. Quer continuar entre nós em forma de refeição sagrada. Por suas palavras e vontade, o pão e o vinho se tornam seu corpo e sangue. Corpo dilacerado e sangue derramado “para o perdão dos pecados” (Mt 26,28). Sangue da nova e eterna Aliança. Surpresa impressionante, mistério admirável.

A este sacramento damos o nome de Eucaristia, isto é, ação de graças a Deus Pai, por Cristo, nosso Senhor. Celebrar a Eucaristia, portanto, é atualizar o ato salvador de Jesus; é tornar Cristo presente nas comunidades que se reúnem em seu nome. Eucaristia: alimento celeste “para que o mundo tenha a vida” (Jo 6,51). Nosso “Mestre e Senhor” vai embora, porque chegou a sua “hora”, mas, ao mesmo tempo, continua vivo e atuante em nosso meio: “Todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste vinho, anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26).

Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

Assinar