28 de outubro de 2012 – 30º DOMINGO COMUM | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
28 de outubro de 2012 – 30º DOMINGO COMUM

UMA CONFISSÃO DE FÉ

O grito pode ter múltiplos significados. É frequente ouvir a expressão “grito de guerra”, significando o desejo de atacar, de ir à luta. Fala-se também do “grito de alegria”, representando vigor, contentamento. Vejam-se as torcidas organizadas nos estádios de futebol, vibrando pelo time do coração. O grito vibrante ecoa em som penetrante. Há também o grito de desespero. Mas há ainda o grito de quem grita como única alternativa e possibilidade de ser ouvido. Talvez seja esse o sentido do grito de Bartimeu no evangelho de hoje (Mc 10,46-52).
O narrador faz questão de frisar que Bartimeu era “um mendigo cego, sentado à beira do caminho” (10,46). Isso para ressaltar sua condição de pessoa destituída de dignidade. A mendicância e a cegueira punham-no à margem de tudo. A única ferramenta de luta pela vida que lhe restava era a voz. E voz que tinha de ser gritada. “Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais forte” (10,48).
Bartimeu representa o povo a quem é negado tudo e de quem nada se espera. Ocorre que, de onde menos se espera, é daí que Deus suscita a surpresa, pois “o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27). O grito de Bartimeu é mais do que simplesmente um grito. É uma confissão de fé.
Ele, embora indigente e cego, na sua pequenez professa a fé no Nazareno, o “Filho de Davi”, isto é, o ungido de Deus, o prometido desde sempre para “evangelizar os pobres, proclamar a libertação aos presos, recuperar a vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos e proclamar o ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19). Chegou, pois, o tempo da realização das promessas. Os primeiros a notar isso são os oprimidos. “Tende compaixão de mim!” A súplica de Bartimeu é a prece de todos os que, silenciados e rejeitados, porém cheios de fé, sabem que sua única esperança é Deus.
O evangelho de hoje quer, portanto, ensinar à comunidade que Jesus realiza o sonho de Deus: a vida plena para todos, especialmente aos renegados do mundo. Toda indiferença é superada, pois o reino chegou. Jesus é a plenitude da vida e ninguém pode impedir o acesso a ele, nem mesmo os que se consideram mais perto dele e, às vezes, querem retê-lo para si ou privatizá-lo.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

Assinar