SAÍDA PARA AS PERIFERIAS
O papa Francisco tem insistido na expressão “Igreja em saída”. Trata-se de uma motivação aos bispos, aos padres e aos cristãos em geral. Não somente nos discursos, mas sobretudo nos gestos, o pontífice tem dado testemunho de uma Igreja que não se acomoda na sacristia e nos escritórios frios, que não se autorreferencia, mas vai ao encontro dos que estão nas periferias geográficas e existenciais.
Nas rodas de conversas nas comunidades, muitas vezes se exaltam e se consideram bonitos os discursos e os gestos do papa. Mas isso não basta. É preciso aplicá-los em nossa vivência pastoral. O que Francisco tem feito é sinal da fidelidade ao seguimento de Jesus, que passou pelo mundo fazendo o bem.
A insistência do papa é bíblica. Desde Abraão, passando por Moisés e por todos os profetas, Deus chama e envia. Ninguém é chamado para se instalar em seu próprio mundo. O envio é para anunciar a boa notícia e testemunhar a alegria de caminhar na presença de Deus. Em Jesus Cristo, o enviado do Pai, a boa notícia se plenifica. Ele mesmo envia os seus discípulos: “Vão pelo mundo todo, proclamem o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
No evangelho de hoje (Mc 1,14-20), o “reino de Deus” é palavra central. A conversão anunciada por Jesus tem que ver com a alegria. Ou seja, chegou a hora em que devemos voltar para Deus, porque Deus se volta para nós a todo momento. Converter-se, portanto, é dar-se conta da boa notícia que é Deus mesmo presente na história. Os discípulos, os primeiros convertidos, são convocados a proclamar ao mundo a alegria do Reino. Os simples pescadores de peixes serão pescadores de gente. Trata-se de uma parábola viva. A rede que antes puxava peixes agora atrai pessoas para o Reino.
A atração se dá mediante o testemunho e a entrega da própria vida. O discípulo e a discípula de Jesus têm o que há de melhor para oferecer ao mundo: a boa notícia, que é o próprio Jesus. Daí a Igreja “em saída”, de portas abertas, capaz de acolher a todos, especialmente os mais indesejados do mundo.
Sair em direção aos outros para chegar às periferias existenciais e geográficas é saber que o sentido da vida se encontra em Jesus. Não é uma saída qualquer. É uma saída consciente do lugar a que pertencemos.
Nosso lugar é o reino de Deus. Os desafios são inúmeros. Peçamos ao Espírito que nos guie no caminho para que sejamos fiéis à missão a nós confiada.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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