A IDENTIDADE DO CRISTÃO
Logo que Judas sai da última ceia, Jesus anuncia a chegada de sua hora. Ele está se despedindo dos seus, mas, antes de partir, os convida a se amarem. O Mestre se despede fisicamente; contudo, com sua ressurreição, já não são os discursos que dão testemunho da sua presença invisível, e sim o amor que os cristãos têm uns pelos outros.
No Antigo Testamento já havia o mandamento do amor. A característica específica que diferencia o mandamento de Jesus do descrito na Torá é a medida: “como vos amei”. Aí está toda a diferença entre um e outro. Ou seja, Jesus amou até doar a própria vida, até a morte. O amor de Jesus é serviçal: põe-se a serviço dos mais necessitados. Esse amor é fundamental para os seguidores de Jesus, pois os identifica como seus discípulos; não busca atender interesses, pois é livre de exigências de gratificação.
Outra novidade da proposta de Jesus é o “amor mútuo”. Jesus não pede que o amemos ou amemos a Deus (cf. Dt 6,5), e sim que nos amemos uns aos outros. Encontra-se com Deus quem se abre à necessidade dos irmãos; essa é a maneira mais visível de demonstrar que o amamos. É preciso desconfiar do amor que dizemos ter a Deus se nos mostramos incapazes de amar os outros. A vocação cristã se caracteriza pelo amor recíproco. Um amor que constrói comunidade e não exclui as pessoas.
O amor é feito não apenas de belas palavras, mas sobretudo de gestos concretos, como foi demonstrado no “lava-pés”. O amor autêntico leva à vivência da partilha, do perdão e da solidariedade; em síntese, leva ao encontro do outro. O verdadeiro amor é concreto, está nas obras e se comunica. Como diz o papa Francisco: “Não há amor sem comunicar-se, não há amor isolado. O amor cristão tem sempre a característica de ser ‘concreto’: está mais nas obras que nas palavras, mais em dar do que em receber”. Portanto, não é um amor novelesco, que fecha a pessoa em si mesma.
Pe. Nilo Luza, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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